O CERN de 1954
Em 29 de setembro de 1954, era fundado o CERN, instituição de pesquisa multinacional responsável por incontáveis avanços científicos nas áreas de física de partículas, de redes de comunicação e de computação avançada.
O CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, originalmente Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), popularmente conhecido como “laboratório europeu de física de partículas”, é o maior e mais avançado laboratório de física de partículas do mundo, localizado na fronteira entre a Suíça e a França, perto de Genebra.
Mas o que este laboratório tem a ver com a informática e os computadores?
Fundado no dia de hoje por um consórcio de 12 países europeus, o CERN se destaca como um centro global de pesquisa científica, reunindo milhares de físicos, engenheiros e cientistas de diferentes disciplinas para estudar as interações fundamentais da matéria, sendo conhecido por suas contribuições tanto na física quanto na ciência da computação, promovendo, ao mesmo tempo, uma melhor compreensão do nosso universo e o desenvolvimento de novas tecnologias.
Desde sua fundação, fez contribuições significativas para a ciência da computação, especialmente em áreas como redes de computadores e processamento de dados em larga escala, com o desenvolvimento de tecnologias inovadoras.
Uma das contribuições na área da computação que lhe deram maior reconhecimento foi a invenção da World Wide Web pelo pesquisador Tim Berners-Lee, que em 1989, enquanto trabalhava no CERN, propôs um sistema para compartilhar informações entre cientistas ao redor do mundo.
Este sistema, baseado no conceito de hipertexto, permitia a navegação e a interconexão de documentos através da internet, formando a base do que seria a Internet moderna, revolucionando a comunicação, o acesso e a distribuição de informações globalmente.
Mas antes mesmo da criação da Web, o CERN decidiu criar em 1974 sua própria rede interna de comunicação de dados, chamada CERNET, uma das redes mais rápidas do mundo em sua época, com todos os equipamentos de rede desenvolvidos e construídos no próprio CERN.
O CERN foi também um dos pioneiros no uso de sistemas de computação distribuída para processar os dados produzidos por seus experimentos.
Isso porque, para lidar com os enormes volumes de dados gerados pelos experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC), o CERN precisou desenvolver soluções avançadas de computação distribuída, o que lhe permitiu processar estes dados em múltiplas localizações ao redor do mundo, através da interconexão de centros de processamento dados em diferentes países, pavimentando o caminho para tecnologias como a computação em nuvem.
Para tanto, o CERN projetou a Worldwide LHC Computing Grid (WLCG), uma infraestrutura de computação distribuída que possibilita que milhares de físicos ao redor do mundo acessem os dados do LHC em tempo quase real.
Só que transportar esta quantidade massiva de dados entre diferentes centros de processamento exigiu também a criação de uma infraestrutura apropriada, com redes de comunicação de dados de alta capacidade.
Esta necessidade ajudou a impulsionar o desenvolvimento de redes de alta velocidade e baixa latência, como o GÉANT, uma das maiores e mais rápidas redes de pesquisa e educação do mundo, cujo projeto trouxe cruciais avanços nas tecnologias de comunicação de dados.
Mas o que fazer com esta enormidade de informações geradas?
Os experimentos do CERN chegam a produzir quantidades de dados da ordem de petabytes por segundo (1.000.000 de Gigabytes), o que exigiu o desenvolvimento de sistemas robustos de gerenciamento e armazenamento de dados, desencadeando inúmeras inovações em sistemas de bancos de dados distribuídos e de gerenciamento de dados, que influenciaram soluções modernas para big data, usadas em diversas áreas da ciência e da indústria.
Outra área na qual o CERN vem se envolvendo nos últimos anos está relacionada a um assunto muito ”badalado” ultimamente no mundo da computação: tecnologia quântica.
Reconhecendo o potencial das tecnologias quânticas para revolucionar áreas como computação, sensoriamento, comunicações e simulações, o CERN criou o projeto CERN Quantum Technology Initiative (QTI), uma iniciativa lançada pelo CERN em 2020 com o objetivo de explorar e desenvolver o uso de tecnologias quânticas em diversas áreas da ciência e da física de partículas.
A QTI visa integrar a física de partículas com avanços em computação quântica e outras tecnologias quânticas emergentes, como sensores quânticos e comunicações seguras via criptografia quântica. A iniciativa também busca estabelecer colaborações com universidades, institutos de pesquisa e empresas do setor de tecnologia quântica para acelerar essas descobertas.
Embora muitas outras instituições públicas e privadas venha pesquisando o tema, CERN encontra-se em um posição única de possuir, em um só lugar, um conjunto diversificado de habilidades e tecnologias, que incluem software, computação, ciência de dados, teoria, sensores, criogenia, eletrônica e ciência de materiais, ou sejam tudo que é necessário para esta empreitada multidisciplinar.
Essas contribuições do CERN tiveram impacto global, moldando não apenas o campo da física de alta energia, mas também áreas como a tecnologia da informação, redes e o processamento de dados. Uma incrível instituição da qual muitos de nós não ouvimos falar com frequência, mas que historicamente vem impulsionando o desenvolvimento de diversas das dimensões do conhecimento humano.
E você, conhece alguma outra inovação promovida pelo CERN?
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Vídeo(s):
*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.
Mais em:
- O artigo “Gerenciamento de Informações: Uma Proposta” de 1989
- A primeira página WEB da história de 1991
- O código-fonte da Web era tornado público em 1993
- O teletransporte de bits quânticos fotônicos de 2013
*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
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