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Em 20 de agosto de 1995, George Johnson publicava o artigo “Let’s Boot Up the Trash-80 and Play Some Oldies”, no qual chamava a atenção para a necessidade da preservação dos softwares antigos.

Por volta da época do lançamento do Microsoft Windows 95, o jornalista George Johnson escrevia para o jornal The New York Times o belo artigo “”Let’s Boot Up the Trash-80 and Play Some Oldies” (Vamos ligar o Trash-80 e jogar alguns clássicos), que nos convidava a refletir sobre um fenômeno recorrente na história da tecnologia, a obsolescência e o descarte de dispositivos e softwares que, uma vez, foram revolucionários.

Por meio do seu texto, ele nos leva a uma viagem no tempo, relembrando uma época (nos anos 20 e 30) em que os rádios movidos a bateria foram esquecidos (e muitos destruídos em fogueiras) para abrir espaço para os rádios elétricos, comentando que o mesmo destino aguardava o sistema operacional Windows 3.1, que se tornaria “obsoleto” com a chegada do Windows 95.

As “fogueiras”, agora digitais, estavam simbolizadas no sumário apagamento de milhões de cópias de variados softwares, com bits e bytes desaparecendo dos discos rígidos em “infinitos sopros de calor”, assim que os computadores fossem formatados para dar lugar ao novo Windows.

Essa perspectiva nos fazia refletir sobre as diferenças entre hardware e software. Enquanto os rádios antigos, com seus gabinetes de madeira e botões trabalhados, sobreviveram à destruição e hoje são peças de museu, o software enfrenta um destino mais cruel.

artigo Let’s Boot Up the Trash-80 and Play Some Oldies 2
Mesmo os antigos pacotes “físicos” de software estão vulneráveis ao tempo

Neste sentido, o autor lamenta que, no mundo digital, não exista o conceito de “antiguidade”, com programas, por mais engenhosos que sejam, sendo condenados a sumir assim que novas versões surgem, seja pelo apagamento dos dados ou pela deterioração inevitável dos disquetes onde estavam armazenados.

Essa é uma realidade particular do mundo do software em que, diferente dos objetos físicos “palpáveis”, programas raramente se tornam relíquias preservadas, desaparecendo rapidamente, vítimas da constante evolução tecnológica e da necessidade de atualização.

O texto também aborda a mudança na forma como o software era inicialmente distribuído, passando dos pacotes “físicos”, contendo disquetes e belos e volumosos manuais, para versões puramente digitais à um “clique” de distância. Estes últimos, sem qualquer suporte físico e baixados através das linhas telefônicas dos BBSs (e depois da Internet), tornar-se-iam ainda mais vulneráveis, indo diretamente para a “lixeira” virtual e desaparecendo sem cerimônia, logo que se tornassem indesejadas. “Vem fácil, vai fácil“, comenta o autor.

Alguns usuários, no entanto, guardam disquetes antigos com versões originais de sistemas operacionais como lembrança, ao lado de softwares emblemáticos do passado, como o processador de textos WordStar ou a planilha eletrônica Visicalc. Mas até mesmo esses arquivos estão sujeitos à degradação física e magnética. Ahh… os malditos fungos e traças…

artigo Let’s Boot Up the Trash-80 and Play Some Oldies 3
Desde 1996, o site Internet Archive busca resgatar e preservar softwares antigos

Mas ele ressalta que, lá nos anos 30, não havia sido muito diferente, dado que os usuários jogavam fora, sem piedade ou qualquer traço de dó ou nostalgia, os antigos rádios, “temperamentais” e difíceis de sintonizar, para dar lugar aos modelos modernos, muito mais práticos e fácil de utilizar.

Mas há uma ponta de esperança na reflexão do autor. Como, felizmente, alguns desses rádios, esquecidos no canto de uma garagem ou galpão, sobreviveram até os dias atuais, algo similar também poderia ocorrer com programas, preservados por acaso em discos rígidos antigos ou pastas esquecidas na “nuvem”. Ele acredita que, com o aumento da capacidade dos discos rígidos, um “resíduo de antiguidades virtuais” poderia se acumular, para ser redescoberto por futuros “arqueólogos digitais” ou colecionadores.

A possibilidade de clonar um programa a partir de uma dessas cópias sobreviventes abriria um cenário promissor para o futuro dos museus virtuais, visto que, uma vez resgatada, pode ser replicada indefinidamente. Isso permitiria até a criação de repositórios virtuais para downloads de programas históricos, algo que coincidentemente seria criado, no ano seguinte ao artigo, pelo site Internet Archive, fundado em 1996. Aqui no Brasil, o site Datassette tem uma proposta similar.

Tá, mas como rodar um programa antigo sem o hardware físico para o qual ele foi projetado?

artigo Let’s Boot Up the Trash-80 and Play Some Oldies 4
O editor de textos “Scripsit” para o TRS-80

A questão nos leva à segunda parte do texto, onde o autor discute a questão da sobrevivência dos computadores antigos. Ele relembra com carinho um dos modelos da linha TRS-80, carinhosamente apelidado de “Trash-80“. O editor de textos Scripsit, criado especialmente para ele, tinha um funcionamento tão peculiar que seria considerado rudimentar até mesmo pouco prático para os padrões atuais. Preservar a experiência desse tipo de software exigiria não só os arquivos originais, mas também máquinas compatíveis. A pergunta “Será que ainda existem cópias desse encantador trambolho digital?” ecoa o dilema da preservação.

A saída, como o autor aponta, está na “virtualização de hardware” pois, diferentemente de um rádio antigo, que exige peças e componentes físicos, computadores e softwares do passado podem ser recriados “digitalmente”.

Os emuladores permitem que máquinas como Apple II, MSX ou Amiga sejam “ressuscitadas” dentro de poderosos computadores modernos, funcionando como se estivessem intactas. Assim, mesmo que o hardware desapareça, sua lógica e experiência de uso podem ser revividas, oferecendo aos futuros entusiastas a chance de sentir como era usar um sistema antigo, desde inicializar um Windows clássico até reviver sua fatídica “tela azul da morte”.

artigo Let’s Boot Up the Trash-80 and Play Some Oldies 5
O multiemulador MCCEmu

Sua reflexão revela que, assim como os rádios do início do século XX, parte da nossa tecnologia digital pode sobreviver ao esquecimento, seja por preservação física, seja pelo renascimento em ambientes virtuais. E, quem sabe, no futuro, navegar por um site e executar um software histórico possa ser tão emocionante quanto ouvir uma música em um rádio vintage ou em um vinil arranhado. 😊


E você, de que software antigo mais tem saudades?

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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Palestra sobre preservação de software
Natasa Milic-Frayling fala ao The Centre for Computing History sobre preservação digital
Painel no Vintage Computer Festival de 2024 sobre preservação de software
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*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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