As Tabulae Alphonsinae de 1483
Em 04 de julho de 1483, o impressor alemão Erhard Ratdolt publicava em Veneza as Tabulae Alphonsinae, uma das primeiras tabelas matemáticas a serem impressas.
As Tabulae Alphonsinae, Tábuas/Tabelas de Alfonso X, ou Tabelas Alfonsinas, foram uma obra notável compilada durante o reinado do rei Alfonso X de Castela e Leão, também conhecido como Alfonso, o Sábio.
Calculadas a mando do rei entre os anos de 1262 e 1272 em Toledo/Espanha, numa época em que ainda não existiam máquinas para realização de cálculos em massa, consumiram o trabalho de cerca de 50 astrônomos ou “computadores humanos”.
Representaram uma das principais contribuições do monarca para a ciência e a astronomia medieval, sendo uma notável demonstração do seu interesse pela cultura e pela educação, que se estendeu a diversos campos do conhecimento.
Sua criação foi motivada pela vontade de Alfonso X de consolidar e preservar o conhecimento astronômico de sua época, reunindo uma equipe de astrônomos e matemáticos para realizar essa tarefa desafiadora, cujo objetivo principal era compilar tabelas precisas e confiáveis que permitissem calcular e prever os movimentos dos corpos celestes.
Os trabalhos nas Tabulae Alphonsinae foram baseados em uma grande variedade de fontes, incluindo tabelas árabes preexistentes e trabalhos de astrônomos gregos e persas.
A equipe de Alfonso X também realizou observações astronômicas diretas para melhorar a precisão das tabelas. O resultado foi um conjunto de tabelas abrangente, que abarcava os movimentos do Sol, da Lua, dos planetas e a posição das estrelas.
Em 1483, mais de duzentos anos depois, a primeira versão impressa das Tabulae Alphonsinae era publicada em Veneza pelo impressor alemão Erhard Ratdolt, numa edição baseadas em traduções latinas das Tabelas de Córdoba feitas pelo matemático e astrônomo Abū Ishāq Ibrāhīm al-Zarqālī (também conhecido como Arzachel), que viveu no século XI em Toledo, Castela, Al-Andalus (atual Espanha).
Isso porque, passados dois séculos, seu texto original em espanhol já não existia mais.
As novas versões das tabelas foram revisadas e melhoradas, a partir das versões latinas posteriores, mas ainda aplicando o sistema de Cláudio Ptolomeu do movimento celeste.
Amplamente utilizadas durante a Idade Média como uma referência crucial para a astronomia e a navegação marítima, seu impacto se estendeu além das fronteiras do reino de Castela, influenciando estudiosos e navegadores de outras regiões, como Nicolau Copérnico.
Essas tabelas permitiram a determinação precisa de posições astronômicas e o cálculo de eventos como eclipses solares e lunares.
Uma característica notável das Tabulae Alphonsinae foi a inclusão de instruções detalhadas sobre como utilizar as tabelas para realizar os cálculos astronômicos. Isso tornou a obra mais acessível a estudiosos e navegadores, permitindo que eles se beneficiassem de seu conteúdo valioso.
Um “aplicativo de código aberto” que já vinha com manual de usuário. 😊
Embora as tabelas tenham sido uma importante contribuição para a ciência medieval, com o passar dos séculos foram gradualmente sendo substituídas por tabelas mais precisas e sofisticadas, na medida em que o desenvolvimento da matemática e da astronomia introduzia novos conhecimentos e técnicas.
Hoje em dia, as Tabulae Alphonsinae são estudadas por historiadores da ciência e astrônomos interessados em compreender o desenvolvimento da astronomia medieval.
Embora sem o uso de computadores, este trabalho “computacional” representa uma peça-chave no quebra-cabeça da evolução do conhecimento astronômico-matemático ao longo dos séculos, fornecendo uma visão fascinante do pensamento científico da época de Alfonso X.
Para conhecer ou relembrar:
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Mais em:
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- Charles Babbage publicava artigo sobre a Máquina Analítica em 1837
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