A Valve Steam Machine de 2015

Em 10 de novembro de 2015, a desenvolvedora de jogos Valve Corporation lançava a Steam Machine, sua proposta de PC-console para competir com o Xbox e Playstation.
Nos anos anteriores, a Valve Corporation, fundada em 1996 e criadora da plataforma online de jogos Steam, vinha percebendo a crescente convergência entre a experiência de jogar no PC e nos consoles de mesa, com o interesse dos usuários em jogar usando seus PCs crescendo a passos largos a cada ano.
Buscando uma alternativa ao domínio do sistema operacional Windows, a empresa decidiria investir em uma nova linha de hardware dedicada a jogos, com a intenção de levar a vasta biblioteca de games da Steam para a sala de estar, combinando a flexibilidade e o poder de hardware dos computadores pessoais com a conveniência de um “console”.

O anúncio oficial da iniciativa aconteceria em 25 de setembro de 2013, com a apresentação das três peças-chave da proposta: o sistema operacional SteamOS, baseado em Linux (especificamente na distribuição Debian) otimizado para jogos; o Steam Controller, um controle redesenhado para oferecer uma experiência mais natural em jogos de PC; e, finalmente, a Steam Machine, uma série de computadores com desempenho suficiente para rodar jogos modernos em alta definição, pré-configurados para rodar o SteamOS e a interface Big Picture da Steam diretamente na televisão.
A ideia da Steam Machine era oferecer o poder e a flexibilidade de um PC gamer em um formato mais compacto e amigável para o uso em televisores, integrando o sistema da Steam diretamente no hardware e criando um ecossistema aberto onde vários fabricantes parceiros poderiam produzir seus próprios modelos de equipamento, variando em preço e configuração.
Em suma, queriam fazer um PC-console pra competir diretamente com os consoles PlayStation e Xbox. 😊

A primeira leva de protótipos seria distribuída pela Valve para testes beta em dezembro de 2013, com configurações que variavam de modelos com processadores Intel Core i7-4770, placas de vídeo NVIDIA GeForce GTX Titan e 16 GB de memória RAM, a modelos mais modestos com processadores Intel Core i5 ou Core i3, e placas de vídeo GeForce GTX 760 e 8 GB de RAM. A intenção era oferecer diferentes faixas de desempenho e preço, mas mantendo a filosofia de serem hardwares abertos, permitindo que os usuários realizassem upgrades de componentes como fariam em um PC comum.
Mas apesar do anúncio em 2013 e da expectativa gerada, o lançamento comercial efetivo dos primeiros modelos de Steam Machines, produzidos por fabricantes parceiros como Alienware, Zotac, Gigabyte, Falcon Northwest entre outros, só ocorreria em 10 de novembro de 2015. Cada fabricante podia customizar o hardware dentro dos parâmetros pré-estabelecidos pela Valve, garantindo compatibilidade com o sistema operacional SteamOS, permitindo que os jogos da biblioteca Steam fossem executados diretamente no console.

O principal obstáculo das Steam Machines era, contudo, o próprio sistema operacional SteamOS, dado que, por ser baseado em Linux, a biblioteca de jogos disponíveis inicialmente acabou sendo muito mais limitada em comparação com a vastidão de títulos para a plataforma Windows.
Muito embora a Valve tenha implementado ferramentas para facilitar a portabilidade, a falta de suporte nativo de muitos desenvolvedores de jogos triple-A e a complexidade inerente de um sistema baseado em Linux para o público leigo acabariam minando a aceitação do produto. Os preços também se mostraram um ponto fraco, pois, em muitos casos, eram mais altos do que os consoles da época, sem oferecer a mesma simplicidade de uso.
Apesar da ambição, a Steam Machine enfrentaria dificuldades de mercado. O público-alvo, composto por jogadores de PC acostumados com hardware customizável, mostraria pouco interesse em um produto fechado que, combinado com o suporte limitado a jogos compatíveis com Linux e a concorrência intensa dos consoles tradicionais, dificultaria ainda mais sua adoção em larga escala.
Os números de vendas nunca foram expressivos. Sete meses após o lançamento comercial, em meados de 2016, a Valve revelaria que menos de 500 mil unidades haviam sido vendidas. Isso faria ainda com que muitos fabricantes adiassem lançamentos e, em alguns casos, optassem por descontinuar silenciosamente seus modelos ainda em 2016, dada a baixa demanda e os desafios técnicos.

Com a fraca adesão e o encerramento da produção por parte de vários parceiros, a Valve começaria a dar sinais de que o projeto estava sendo abandonado….
Nos dois anos que se seguiram a iniciativa gradualmente perderia força, com o marco final chegando em abril de 2018, quando a Valve removeria a seção dedicada às Steam Machines da aba de hardware de sua loja virtual. Embora as páginas dos produtos ainda pudessem ser encontradas por pesquisa direta, o botão de compra foi substituído pelo aviso de “em breve” (coming soon), atestando o fim da plataforma.
Mas apesar do claro fracasso comercial, o advento das Steam Machines ajudaria impulsionar o desenvolvimento do SteamOS e do framework de compatibilidade Proton, ferramentas que se tornariam fundamentais para o sucesso posterior do Steam Deck, um console portátil lançado pela Valve em 25 de fevereiro de 2022.
O Steam Deck, na prática, retomaria a “essência” da Steam Machine, provando que a ideia de levar os jogos de PC para outras plataformas com o SteamOS era válida, mas talvez apenas o formato portátil tenha conseguido o apelo massivo de público que o console de mesa não alcançou.
E você, teve algum dos modelos Steam Machine?
Clique aqui e deixe seu comentário no final desta postagem! Sua participação é muito importante pra nós!
Vídeo(s):
*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.
Mais em:
- A plataforma STEAM para jogos de 2003
- O videogame Sony PlayStation 4 PS4 de 2013
- O videogame Microsoft Xbox One de 2013
- O videogame Nintendo Wii U de 2012
*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
Quer nos ajudar com doações de itens para o acervo do Museu Capixaba do Computador – MCC?
Entre em contato conosco por meio dos canais de comunicação identificados nos ícones abaixo, ou ainda por quaisquer uma das nossas redes sociais listadas no topo da página.
As doações também poderão ser entregues diretamente na sede do museu, neste endereço.
Para refrescar a memória e te ajudar a identificar alguns itens que buscamos, aqui você encontra nosso álbum de “Procura-se” .
Colabore você também com o primeiro museu capixaba dedicado à memória da tecnologia da informação!
Doe seus itens sem uso. Você ajuda a natureza e dá uma finalidade socialmente útil pra eles!














