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Em 11 de novembro de 2005, a gravadora Sony BMG anunciava a suspensão da distribuição de CDs que continham seu sistema de proteção de cópia Extended Copy Protection XCP.

O ano de 2005 ficaria marcado pra sempre na história da música e seria palco para um dos episódios mais polêmicos de todos os tempos da indústria fonográfica e da segurança digital.

Esta história giraria em torno do Extended Copy Protection XCP, uma tecnologia de Gestão de Direitos Digitais (Digital Rights Management – DRM) desenvolvida pela empresa britânica First 4 Internet (F4I) e licenciada pela Sony BMG Music Entertainment, uma das maiores gravadoras da época.

A motivação por trás da adoção do XCP, que começou a ser implementado em CDs de música no ano de 2005, era claramente a de combater a pirataria e a cópia não autorizada de conteúdo musical, um problema crescente com a popularização da internet de banda larga e dos programas “ripadores” de CD. A ideia era restringir o número máximo de cópias que um usuário poderia fazer do CD adquirido legalmente, incluindo a tecnologia em determinados CDs de música comercializados, principalmente nos Estados Unidos.

Na prática, o sistema tentava impedir que o usuário fizesse cópias digitais das faixas musicais, instalando automaticamente no sistema Windows do computador do usuário, ao inserir o CD, um conjunto de programas projetados para controlar o acesso e reprodução dos CDs e monitorar o uso dos arquivos.

O problema é que o XCP utilizava técnicas típicas de um rootkit, um tipo de software que se esconde do sistema operacional para evitar ser detectado. Este comportamento “questionável” foi identificado no final de outubro de 2005 pelo especialista em segurança Mark Russinovich, cofundador da empresa Sysinternals, que publicaria, em 31 de outubro de 2005, uma análise detalhada do achado em seu blog.

Extended Copy Protection XCP 2
Alerta colocado na contracapa dos CDs protegidos com XCP

Russinovich demonstrou em sua publicação que o XCP alterava o funcionamento interno do Windows, escondia seus próprios arquivos (que eram difíceis de detectar e remover e que ficavam rodando em segundo plano) e abria brechas de segurança que poderiam ser exploradas por criminosos. Além disso, não havia qualquer aviso claro ao usuário de que o software seria instalado, nem uma forma simples de removê-lo. Mesmo comportamento do rootkits maliciosos. 😒

A natureza de rootkit do XCP era particularmente perigosa e alarmante pois, ao se esconder profundamente no sistema operacional, o XCP tornava o computador vulnerável a hackers e a outros softwares maliciosos. Isso ocorria porque a técnica usada pelo XCP para se ocultar poderia ser explorada por malwares de terceiros, que também se esconderiam da mesma forma. Em outras palavras, a solução da Sony BMG para impedir a cópia de música abriu uma brecha de segurança nos computadores de seus próprios clientes.

A revelação pública da “artimanha” pelo artigo de Russinovich provocaria uma enorme crise para a Sony BMG, com especialistas em segurança, grupos de defesa do consumidor e órgãos governamentais começando a protestar e pressionar a empresa poucos dias após a divulgação do fato. A mídia mundial também repercutiria amplamente o caso, comparando o comportamento do XCP ao de vírus e malwares.

A Sony BMG, inicialmente, minimizaria as preocupações. Mas a pressão aumentaria rapidamente, com organizações de defesa do consumidor e até mesmo o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos se pronunciando, alertando que a tecnologia representava um risco sério à segurança dos computadores, caracterizando invasão de privacidade e introdução de software prejudicial.

Diante da repercussão negativa, em 11 de novembro de 2005, a Sony BMG Music Entertainment anunciaria oficialmente a suspensão da produção de CDs contendo o sistema XCP e o início de um processo de recolhimento dos discos já distribuídos. A empresa também disponibilizaria ferramentas para remoção do software, embora as primeiras versões desses programas tenham se mostrado ineficazes e até mesmo agravado os problemas de segurança.

Extended Copy Protection XCP 3
Aviso exibido por alguns tocadores de música alertando para a presença do XCP no CD

Estima-se que mais de 2 milhões de CDs de 52 títulos musicais lançados pela Sony BMG entre março e novembro de 2005 incluíam o XCP, estando, entre eles, álbuns de artistas populares como Celine Dion, Neil Diamond, Santana e Natasha Bedingfield.

Milhares de consumidores teriam sido afetados e diversos processos judiciais coletivos seriam abertos nos Estados Unidos, resultando, em maio de 2007, em um acordo judicial no qual a empresa se comprometia a indenizar consumidores e a não mais utilizar tecnologias de DRM que se instalassem de forma oculta nos computadores.

O episódio, que ficaria conhecido como o “Sony rootkit scandal“, marcaria o início de uma nova era de debate sobre os limites da proteção anti-cópia e os direitos dos consumidores no ambiente digital, tornando-se um exemplo de como as medidas de proteção de direitos autorais, quando aplicadas sem transparência, podem violar a privacidade e a segurança dos usuários. O caso também influenciaria a postura de toda a indústria musical, que nos anos seguintes passaria a reduzir o uso de DRM em CDs e arquivos digitais.

Com o avanço das vendas de música online e o surgimento de serviços de streaming, como o Spotify (lançado em 2008) e a Apple Music (em 2015), a necessidade de sistemas como o XCP desapareceria. Assim, a tentativa da Sony BMG de controlar a cópia de suas mídias físicas acabaria por ficar na memória como um dos maiores fiascos corporativos da era digital, como símbolo do conflito entre a proteção de conteúdo e os direitos do consumidor no início do século XXI.


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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

“Instalando” o XCP no Windows
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*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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