O Apple Mighty Mouse de 2005

Em 2 de agosto de 2005, a fabricante norte-americana de computadores Apple lançava seu novo modelo de mouse Apple Mighty Mouse, o primeiro da linha a ter mais de um botão de ação.

Desenvolvido para atender a uma nova geração de usuários e acompanhar as mudanças nos sistemas operacionais da empresa, como o Mac OS X, o Apple Mighty Mouse foi pensado para oferecer maior flexibilidade e controle, sem abrir mão da estética “minimalista” e do design industrial que a Apple já havia consolidado como marca registrada.

Representando um capítulo interessante na história dos dispositivos de interface, especialmente por marcar uma transição importante na filosofia de design da Apple, seu lançamento marcava a primeira vez na história em que a Apple colocava no mercado um mouse com múltiplas funções, indo além do tradicional “botão único” que caracterizava os mouses da empresa desde o lançamento do Macintosh original, lá em 1984.

Essa abordagem de um único botão, embora icônica, era muitas vezes vista como uma limitação para usuários de PC que já estavam acostumados com mouses de dois ou três botões, com recursos como o botão direito do mouse para menus de contexto.

Apesar de visualmente simples, o grande diferencial do Apple Mighty Mouse, e o que o tornava “mighty” (poderoso), era sua superfície sensível ao toque (touch-sensitive) em quatro áreas distintas. Para tanto, ele incorporava sensores capacitivos sob a superfície, que identificavam em qual lado do mouse o usuário estava pressionando, permitindo-o simular os cliques esquerdo e direito com base na posição dos dedos, mesmo que fisicamente não houvesse ali dois botões distintos.

Essa era uma forma “escamoteada” da Apple preservar a aparência de um “botão único”, mas sem sacrificar as funcionalidades exigidas por softwares modernos. Isso permitia simular a existência de múltiplos botões, sem comprometer a aparência limpa, “lisa” e sem emendas que a Apple tanto prezava em seus projetos estéticos.

Além dos cliques esquerdo e direito, o Apple Mighty Mouse também introduziu uma pequena esfera de rolagem (“scroll ball” ou “trackball”), situada na parte superior do mouse, que também funcionava como um terceiro botão. Diferente das rodinhas de rolagem tradicionais que permitem apenas o movimento vertical, essa esfera oferecia rolagem em 360 graus. Isso significava que os usuários podiam rolar para cima, para baixo, para os lados e até mesmo na diagonal, o que era particularmente útil para navegação em documentos grandes, planilhas ou websites com barras de rolagem horizontais.

Para completar o conjunto de funcionalidades, o Apple Mighty Mouse contava ainda com botões sensíveis à pressão nas laterais, que podiam ser apertados para ativar uma quarta função programável, como o acesso rápido a aplicativos ou a ativação de atalhos personalizados. Todas essas funções podiam ser configuradas e personalizadas através das preferências do sistema no macOS, dando aos usuários um controle significativo sobre como o mouse se comportava.

Ao preço de US$ 49, o novo mouse foi inicialmente lançado em uma versão com fio, conectada via porta USB, o que garantia uma conexão estável e sem a necessidade de troca de pilhas. Posteriormente, em 25 de julho de 2006, a Apple lançaria uma versão sem fio (por US$ 69), utilizando a tecnologia Bluetooth 2.0. Essa versão “wireless” oferecia maior liberdade de movimento, embora exigisse duas pilhas AA para funcionar, o que adicionava um pouco de peso ao dispositivo e a necessidade de gerenciar a carga das baterias.

Ambas as versões, com fio e sem fio, eram compatíveis com computadores Mac e PCs com Windows, embora a funcionalidade completa de seus botões programáveis fosse mais bem aproveitada no ecossistema da Apple.

Mas apesar de suas inovações, o Apple Mighty Mouse não esteve isento de críticas e controvérsias.

A primeiras delas estava ligada à pequena esfera de rolagem, que embora revolucionária em sua funcionalidade, era notória por acumular sujeira e detritos com o tempo, o que podia levar a um desempenho ruim de rolagem ou até mesmo à sua total paralisação. A limpeza da esfera exigia, muitas vezes, técnicas não oficiais ou até mesmo a desmontagem do mouse para que ele voltasse a funcionar corretamente. Essa questão da manutenção da esfera de rolagem foi um ponto de frustração para muitos usuários ao longo dos anos.

Havia ainda a incapacidade do Apple Mighty Mouse em detectar cliques com o botão direito e esquerdo, caso os dois dedos estivessem repousando sobre os sensores ao mesmo tempo. Para solucionar o problema, o usuário devia aprender a levantar o dedo esquerdo da superfície do sensor antes de tentar um clique com o botão direito do mouse, e vice-versa.

Outra questão se relacionava ao seu nome. Originalmente, a Apple havia licenciado a marca da rede de TV CBS, detentora dos direitos do personagem de desenho animado homônimo criado na década de 1940 (que ficaria conhecido aqui no Brasil como “Super Mouse”). No entanto, a Apple seria posteriormente alvo de disputas legais com a empresa Man & Machine, que também alegava ter direitos sobre o uso comercial do nome para dispositivos eletrônicos.

Diante dessas disputas, em 20 de outubro de 2009, a Apple passaria a comercializar o modelo com fio com o nome genérico de “Apple Mouse”, removendo o termo “Mighty” do site e das embalagens, embora o design e funcionalidades permanecessem inalterados. Nesta mesma data a versão sem fio foi descontinuada, dando lugar ao novo modelo Apple Magic Mouse. Ainda assim, o modelo original permaneceria em catálogo até 5 de junho de 2017, quando seria finalmente aposentado.

E você, teve algum dos modelos do Apple Mighty Mouse? Como era utilizá-lo?

Clique aqui e deixe seu comentário no final desta postagem! Sua participação é muito importante pra nós!

Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Mais em:

• O primeiro mouse da história de 1968
• O Mouse Microsoft de 1983
• O mouse óptico Logitech MX1000 de 2004
• A empresa KYE Systems Group-GENIUS de 1983

*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.

Quer nos ajudar com doações de itens para o acervo do Museu Capixaba do Computador – MCC?

Entre em contato conosco por meio dos canais de comunicação identificados nos ícones abaixo, ou ainda por quaisquer uma das nossas redes sociais listadas no topo da página.

As doações também poderão ser entregues diretamente na sede do museu, neste endereço.

Para refrescar a memória e te ajudar a identificar alguns itens que buscamos, aqui você encontra nosso álbum de “Procura-se” .

Colabore você também com o primeiro museu capixaba dedicado à memória da tecnologia da informação! 

Doe seus itens sem uso. Você ajuda a natureza e dá uma finalidade socialmente útil pra eles!