A ARPANET – embrião da Internet de 1969

Em 03 de julho de 1969, a Universidade da Califórnia – Los Angeles (UCLA), emitia comunicado de impressa informando que se tornaria a primeira estação de uma rede nacional de computadores, a ARPANET, o embrião da Internet.
Nesse comunicado, a universidade declarava que a UCLA:
“se tornará a primeira estação em uma rede nacional de computadores que, pela primeira vez, irá conectar computadores de fabricantes diferentes e usando diferentes linguagens de máquina em um único sistema de tempo compartilhado. […] A criação dessa rede representa um grande passo na tecnologia da computação e pode servir como precursora de grandes redes de computadores no futuro”.
Nascia aí a Advanced Research Projects Agency Network – ARPANET (Rede da Agência de Pesquisas em Projetos Avançados), a precursora daquilo que viria a ser a nossa atual Internet.

A ARPANET foi a primeira rede criada para interconexão de universidades, empresas e governo norte-americanos, possibilitando que trocassem dados entre si de forma segura e confiável.
A UCLA era apenas o primeiro dos muitos “nós” que viriam a compor esta grande rede, cuja primeira mensagem só seria efetivamente trocada com o Stanford Research Institute (SRI) da Universidade de Stanford, em 29 de outubro do mesmo ano, sob o comando do professor Leonard Kleinrock.
Para tanto, precisaram construir antes um equipamento que fizesse o encaminhamento dos dados entre os nós da rede, o Interface Message Processor (IMP), o “avô” dos roteadores de hoje em dia.

O primeiro deles só ficaria pronto em 29 de agosto do mesmo ano, quando foi entregue à UCLA.
Mas só após a instalação da segunda unidade no SRI e do circuito de dados interconectando as instituições, é que foi possível realizar o primeiro teste.
Neste histórico teste, foi feita uma tentativa realizar um “LOGIN” no sistema remoto.
Digitaram “L”, e receberam a confirmação, por telefone, de que o caractere digitado tinha chegado em Stanford.
Comemoração!
Digitaram “O” e outra festa!
Felizes, digitaram o “G”… e, em seguida, o sistema travou. 😊.
Um teste parcialmente malsucedido, mas que marcava o início de uma nova era.

Mas o evento que provocaria um “salto” verdadeiro nessa rede foi sua conexão às outras redes que surgiram logo em seguida: a National Science Foundation Network (NSFNet), que interligava centros de supercomputação nos EUA, a NASA Science Network (NSN), além da Bitnet e CSNET, redes de instituições de ensino.
Contudo, faltava ainda uma forma padronizada para que estas redes pudessem “conversar” entre si.
É aí que surge, em 1974, o protocolo de comunicação conhecido pela sigla TCP/IP, que até hoje é a base de funcionamento da Internet e de quase a totalidade das redes de dados em uso na atualidade.
Vem desse documento de especificação do TCP/IP, inclusive, a expressão “Internet”, que passaria a designar nossa “grande rede”.
A ARPANET permaneceu “fechada” e restrita às instituições não-comerciais americanas até 1989, quando as empresas Compuserve e a MCI Mail criaram conexões com a ARPANET, permitindo que seus usuários pudessem trocar e-mails entre si e com os membros da rede de pesquisa.
Era o início da etapa comercial da Internet, que abriria as portas de acesso a todos os cidadãos do mundo.
O Crash da ARPANET
Em 27 de outubro de 1980, a ARPANET sofreria um colapso generalizado que a deixaria praticamente fora do ar por várias horas, episódio que ficaria conhecido como o “crash da ARPANET”, sendo o primeiro grande apagão em uma rede de computadores de grande escala na história.
Naquela época, a ARPANET já interligava centenas de computadores em universidades, centros de pesquisa e instituições militares dos Estados Unidos. O incidente começaria por volta das 17 horas (horário de Washington), quando um defeito em um pacote de mensagens corrompido desencadearia uma reação em cadeia entre os nós da rede, levando-a a um estado de travamento total.
O problema teve origem em uma falha de software em um dos IMPs, onde um erro no gerenciamento de tabelas de roteamento faria com que mensagens de controle incorretas fossem enviadas repetidamente entre os nós, sobrecarregando a capacidade de processamento dos IMPs, que parariam de responder.
Durante o crash, aproximadamente 75% da rede ficou completamente inoperante, e mesmo os trechos que permaneceram online apresentaram lentidão extrema e perda de pacotes, impedindo a troca confiável de informações.

A situação se agravaria porque o software de “coleta de lixo” (garbage collection) dos IMPs, responsável por descartar mensagens antigas e liberar memória, não conseguiu lidar com as mensagens de status corrompidas, que acabavam apresentando múltiplos registros de tempo. Como consequência, a memória de todos os IMPs na rede rapidamente ficou saturada, num efeito comparável a um ataque de negação de serviço distribuído (DDoS) auto-induzido, pois a rede foi inundada pelas suas próprias mensagens de status incorretas.
A equipe de engenheiros do Network Control Center, localizada na BBN Technologies (empresa contratada pelo Departamento de Defesa dos EUA para desenvolver e manter a ARPANET), levou cerca de quatro horas para identificar e corrigir o problema, sendo necessário reiniciar manualmente dezenas de IMPs espalhados pelo país e aplicar uma atualização emergencial no software da rede.
Esse episódio marcaria profundamente a história da comunicação digital, pois evidenciou, pela primeira vez, os desafios da manutenção de uma rede de computadores interconectada em larga escala. Além disso, o incidente serviria como um alerta técnico, motivando o desenvolvimento de protocolos de rede mais robustos e tolerantes a falhas, como o TCP/IP, que viria a substituir o NCP posteriormente.
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Vídeo(s):
*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.
Mais em:
- O CompuServe Information Service de 1979
- O primeiro link da ARPANET de 1969
- O protocolo FTP de 1971
- A Primeira Request for Comments (RFC) de 1969
- A primeira página WEB da história de 1991
- O primeiro servidor de páginas web de 1991
- A chegada da Internet comercial no Brasil em 1994
- Bill Gates reconhece a importância da Internet em 1995
*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
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