A empresa Fujitsu de 1935
Em 20 de junho de 1935, era fundada a empresa Fuji Telecommunications Equipment Manufacturing, a gigante japonesa de tecnologia Fujitsu Limited.
Momento de grande transformação industrial e tecnológica no mundo, a década de 1930 marcaria uma era de forte crescimento das comunicações eletrônicas, especialmente do telefone e do rádio, fundamentais para governos, exércitos e empresas em tempos de crescente tensão internacional.
O Japão vivia sob o governo do Imperador Hirohito, em uma era de crescente militarização e nacionalismo, que antecederia a Segunda Guerra Mundial. A indústria japonesa passava por um processo acelerado de modernização, com forte ênfase na autossuficiência tecnológica, especialmente em setores estratégicos como comunicações e infraestrutura.
É nesse contexto que a empresa Fuji Electric Company (fundada em 1923 e controlada conjuntamente pela Furukawa Electric e pela alemã Siemens) decide criar a Fuji Telecommunications Equipment Manufacturing (富士電気通信機器製造, Fuji Denki Tsūshin Kiki Seizō) como uma subsidiária focada em equipamentos de telecomunicações, respondendo à demanda do governo por criar sistemas de comunicação modernos e confiáveis.
Após rapidamente se destacar no setor de telefonia e radiocomunicação, consolidando-se como um dos principais fabricantes de equipamentos eletrônicos industriais no país, saindo relativamente ilesa no pós-guerra, a Fujitsu ampliaria sua atuação para além da telecomunicação, realizando um salto estratégico ao entrar no mercado de computadores na década de 1950.
Como resultado, lançaria em 1954 o FACOM 100, um dos primeiros computadores eletrônicos japoneses, posicionando-se como pioneira no desenvolvimento de tecnologias de informação no país e marcando o início de uma trajetória que transformaria a Fujitsu em uma das líderes globais no segmento.
Em 1961 apresentaria sua segunda geração de computadores transistorizados o mainframe FACOM 222, com a série FACOM230 “5”, de 1968, assinalando o início de seus computadores de terceira geração.
Ao longo das décadas seguintes, especialmente nos anos 1970 e 1980, a Fujitsu se tornaria um dos principais nomes na fabricação de mainframes e computadores de grande porte, competindo globalmente com gigantes como IBM, DEC e Honeywell. Foi também pioneira na produção de supercomputadores, como a série Fujitsu FACOM VP, que concorreria com os melhores sistemas norte-americanos.
Paralelamente, expandiria sua atuação para fabricação de semicondutores, componentes críticos para a indústria eletrônica, ao mesmo que ampliaria sua presença internacional por meio de fusões, aquisições e parcerias com empresas de tecnologia ao redor do mundo.
A partir dos anos 80, a Fujitsu mergulharia também no mercado de computadores pessoais e servidores, destacando-se pela qualidade e eficiência de seus produtos. Lançaria em 1989 o lendário FM Towns, um PC de arquitetura proprietária focado em multimídia e jogos de computador, e o console de videogame FM Towns Marty (1993), baseado na mesma arquitetura.
Sua parceria com a britânica International Computers Limited (ICL) (adquirida em 1990) ampliaria sua presença na Europa no segmento, quando lançariam diversos produtos, como o PC multimídia Fujitsu ICL PCTV (1995), enquanto no Japão se tornaria sinônimo de confiabilidade em hardware e software corporativo.
Em junho de 1999, ressuscitaria suas antigas conexões com a germânica Siemens, quando as duas empresas fundiriam suas operações europeias no segmento de computadores, criando uma nova joint venture chamada Fujitsu Siemens Computers, que se tornaria a quinta maior empresa de fabricação de computadores do mundo.
O século XXI traria novos desafios e oportunidades. Um de seus feitos mais notáveis foi o K Computer, lançado em 2011, que se tornaria o supercomputador mais rápido do mundo em sua época e o primeiro a alcançar a marca de 10 petaflops de capacidade de processamento.
A Fujitsu se adaptaria ainda à era das nuvens e da inteligência artificial, investindo pesado em soluções empresariais e serviços digitais. Para tanto, se envolveria em áreas como armazenamento digital, redes, serviços de TI e infraestrutura de data centers, tornando-se um dos principais provedores globais de soluções corporativas.
Seus supercomputadores, como o Fugaku, lançado em 2020, continuariam a quebrar recordes de desempenho, sendo utilizado em pesquisas científicas avançadas, desde simulações climáticas até estudos sobre a COVID-19. Além disso, a empresa mantém um forte compromisso com sustentabilidade, liderando iniciativas para reduzir o impacto ambiental de suas operações.
Uma das mais antigas empresas de TI ainda em operação, atrás apenas da IBM, a Fujitsu permanece atualmente como um dos pilares da tecnologia japonesa, com presença em mais de 100 países, com forte atuação em serviços e consultoria em TI. Sua história de quase um século reflete não apenas a evolução da indústria de TI, mas também a capacidade de reinvenção contínua, desde os primeiros aparelhos telefônicos até as soluções de computação quântica que moldarão nosso futuro.
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