A empresa Olivetti de 1908

Em 29 de outubro de 1908, o italiano Camillo Olivetti fundava a centenária empresa Olivetti, uma das empresas mais importantes da história do país da pizza e do spaghetti.

Fundada no dia de hoje pelo engenheiro e empresário italiano Samuel David Camillo Olivetti, na cidade de Ivrea, na região do Piemonte, a empresa Olivetti marcaria a história das empresas, transformando a forma como lidariam com os atos de “escrever” e “calcular”.

Começaria sua história produzindo máquinas de escrever, um dispositivo essencial para escritórios na época, cujos modelos foram considerados inovadores e de alta qualidade.

Destacou-se em suas primeiras décadas de atuação no segmento por introduzir novos conceitos em design e funcionalidade, buscando sempre aprimorar a eficiência e a usabilidade dos seus dispositivos de escrita.

O filho de Camillo, Adriano Olivetti, assumiria a direção da empresa em 1933, iniciando uma política de modernização dos negócios e dos métodos de produção, inspirada em uma viagem que fez aos Estados Unidos em 1925.

Adriano também se preocuparia em desenvolver uma identidade corporativa coerente, que envolvia a contratação de arquitetos e designers renomados para projetar os produtos, os escritórios, as lojas e as campanhas publicitárias da empresa.

O design das máquinas Olivetti era inovador, graças à colaboração com designers conceituados como Marcello Nizzoli e Ettore Sottsass.

Combinando a eficiência funcional com uma estética elegante, nasceriam produtos históricos da Olivetti, como a máquina de escrever Studio 42, projetada por Schawinsky, Figini e Pollini em 1935, e a calculadora Summa MC 4S, projetada por Marcello Nizzoli em 1940.

Após a Segunda Guerra Mundial, a empresa buscaria expandir seus mercados no exterior, não só no restante da Europa, mas especialmente nos Estados Unidos, onde abriria uma filial em Nova York em 1946.

Com o tempo, a Olivetti ampliaria sua gama de produtos para incluir calculadoras eletromecânicas e eletrônicas, computadores de grande porte e móveis de escritório.

Produziria em 1959 (mesmo ano que adquiriria a empresa Underwood) o primeiro computador eletrônico transistorizado da Itália (e um dos primeiros do mundo), o mainframe Olivetti ELEA (Elaboratore Elettronico Aritmetico).

Com avançada tecnologia, os computadores Olivetti brigavam “de igual para igual” com produtos de concorrentes de peso como a estadunidense IBM e britânica Ferranti.

Contudo, mesmo após centenas de unidades terem sido comercializadas com sucesso (o que era um grande número para a época), a perda de membros importantes das equipes de desenvolvimento, aliada à ausência de apoio do governo italiano, faria com a empresa abandonasse o segmento, vendendo em 1964 sua divisão de computadores de grande porte para a norte-americana General Electric (GE).

Mas o conhecimento adquirido no desenvolvimento do ELEA não se perderia.

Em 1965, a Olivetti lançaria a primeira calculadora de mesa programável italiana, a Programma 101, que disputaria com a HP 9100A, de 1968, o posto de primeiro “computador desktop” da história, assumindo um papel fundamental na história da computação.

Este lançamento só seria possível graças à “inventividade” do funcionário Gastone Garziera, que alteraria “na moita”, durante o processo de venda da divisão de computadores para a GE, a categorização interna do projeto da Programma 101 de “computador” para “calculadora”, o que a deixaria de fora da negociação.

A partir dos anos 70 e durante os 80, a empresa entraria no campo dos microcomputadores e dos terminais, sendo uma das primeiras empresas a fabricar computadores pessoais, como o Olivetti M20 e o Olivetti PC, modelos portáteis, como o Olivetti M-10, impressoras e scanners.

Seguiria nos anos 90 lançando novos modelos de PCs, introduzindo diversos modelos de laptops e notebooks.

Mas dificuldades financeiras geradas pela forte concorrência do mercado de tecnologia da informação obrigariam a empresa a se reestruturar e se diversificar, investindo no setor de telecomunicações da Itália, por meio de duas operadoras, Omnitel e Infostrada.

Buscaria também formar parceria com a empresa norte-americana Digital Equipment Corporation, que desejava desenvolver o mercado europeu dos seus computadores Alpha, ao mesmo tempo que comercializaria os computadores pessoais Olivetti nos EUA.

A empresa também tentaria reverter sua situação preocupante no mercado de microcomputadores contratando o designer Michele de Lucchi para renovar seus produtos.

No entanto, essas iniciativas não foram suficientes para remediar a situação da empresa, que continuou a perder participação no mercado e a acumular dívidas.

Em 1999, a Olivetti lançaria uma “oferta hostil” para a compra da Telecom Italia, a maior operadora de telefonia do país (sendo bem-sucedida na empreitada, embora gerando muitas controvérsias e críticas), vendendo no mesmo período suas operações de tecnologia da informação e se tornando uma holding focada em telecomunicações.

Além das conhecidas inovações em diversas áreas tecnológicas, a empresa também se destacaria no segmento cultural, patrocinando exposições de arte e cultura, bem como por sua política de bem-estar social para seus funcionários e comunidade.

A visão da Olivetti era não apenas produzir ferramentas de escritório eficazes, mas também tornar a tecnologia acessível a um público mais amplo.

Sua abordagem inovadora não se limitou apenas aos produtos, mas também aos funcionários e ao ambiente de trabalho, tendo implementado políticas progressistas, como creches e áreas de lazer para os funcionários, muito antes de outras empresas.

Criou também em suas instalações uma das primeiras “escolas de fábrica”, que não se resumiam ao ensino de conteúdo técnico, contemplando também cultura geral e cultura política.

Seu projeto de reforma social de base comunitária, centrado na interação entre o progresso físico, a eficiência técnica e a ética da responsabilidade, é hoje reconhecido como um dos modelos mais atualizados e avançados de sustentabilidade.

Aqui no Brasil, a empresa teve uma de suas unidades fabris de máquinas de escrever na cidade de Guarulhos, São Paulo, sendo responsável por metade do mercado de máquinas de escrever mecânicas no país, produzindo 20 mil unidades por ano. A fábrica foi fechada em 1996 devido à queda na demanda por esse tipo de produto.

Hoje, a Olivetti é parte do Grupo Telecom Itália e continua a fornecer soluções de TI e serviços de impressão, além de fabricar telefones e tablets.

Esta empresa, fundada há mais de um século, desempenhou um papel crucial na evolução das máquinas de escritório, computadores pessoais e na disseminação da tecnologia em todo o mundo, deixando sua herança de inovação e design notável, tornando-a uma parte integral da história da tecnologia italiana e global.

Em reconhecimento às suas contribuições em diversas áreas, a Olivetti receberia vários prêmios internacionais, como:

-O Prêmio Gugghenheim Business and Culture Award, um prêmio que reconhece as empresas que contribuem para o desenvolvimento cultural e social da humanidade, foi concedido à Olivetti em 1962, por sua política de apoio à arte, à cultura e à educação.
-Em 1974, a Industrial Arts Medal do American Institute of Architects, em reconhecimento à sua excelência no design e na comunicação da sua imagem.
-O prêmio Compasso d’Oro, considerado o mais importante prêmio de design industrial da Itália, foi concedido à Olivetti 16 vezes entre 1954 e 2001.
-Entre 1955 e 2010, recebeu por 12 vezes entre o prêmio iF Design Award, um dos mais prestigiados prêmios de design do mundo.

E você, qual dispositivo Olivetti já possuiu?

Clique aqui e deixe seu comentário no final desta postagem! Sua participação é muito importante pra nós!

Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Mais em:

• O microcomputador Olivetti M20 de 1982
• O microcomputador Olivetti M-10 de 1983
• O computador IBM 7090 de 1959
• O computador FINAC de 1955
• A calculadora Hewlett-Packard HP-9100A de 1968
• A máquina de escrever Underwood de 1893
• O microcomputador Olivetti PC de 1984

*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.

Quer nos ajudar com doações de itens para o acervo do Museu Capixaba do Computador – MCC?

Entre em contato conosco por meio dos canais de comunicação identificados nos ícones abaixo, ou ainda por quaisquer uma das nossas redes sociais listadas no topo da página.

As doações também poderão ser entregues diretamente na sede do museu, neste endereço.

Para refrescar a memória e te ajudar a identificar alguns itens que buscamos, aqui você encontra nosso álbum de “Procura-se” .

Colabore você também com o primeiro museu capixaba dedicado à memória da tecnologia da informação! 

Doe seus itens sem uso. Você ajuda a natureza e dá uma finalidade socialmente útil pra eles!

Somos um projeto sem fins lucrativos. Mas temos despesas. 😊

Se você curte nosso trabalho, gostaria de nos ajudar a pagar as contas?

Clique no botão “Doar” abaixo e faça uma contribuição voluntária, de qualquer valor!

Você ainda tem a opção de tornar esta ajuda permanente, com um valor mensal fixo, marcando a opção “Transformar em doação mensalmente“

Mas caso não possa colaborar com doações, você também nos ajuda muito clicando no anúncio abaixo: