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Em 20 de março de 1985, o programador Richard Stallman lançava a primeira versão pública do software GNU Emacs, ferramenta de edição de textos livre e de código aberto que se tornaria o primeiro componente do projeto GNU.

Editor de textos altamente extensível e personalizável, o software GNU Emacs tornar-se-ia uma ferramenta essencial para programadores e usuários técnicos em diversos sistemas operacionais. Extrapolado a função de simples ferramenta de manipulação de textos, se transformaria numa plataforma completa para edição, programação e até mesmo de realização de tarefas cotidianas. 

A história do EMACS (Editing MACroS) começaria lá nos idos de 1976, quando os programadores David A. Moon e Guy L. Steele Jr criariam seu primeiro embrião como uma “extensão de macros” para o editor de textos TECO (Text Editor & Corrector), desenvolvido nos anos 60 no Laboratório de Inteligência Artificial do MIT (MIT AI Lab) para uso em computadores da linha PDP da Digital Equipment Corporation (DEC).

Em 1981, a primeira versão para sistemas UNIX, batizada como Gosling Emacs, seria criada pelo programador James Arthur Gosling (em linguagem “C”), que também entraria para a história como criador da linguagem de programação que mudaria o mundo da tecnologia: a Java.

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Anúncio da versão “paga” do Gosling EMACS: proprietária

Após Gosling vender sua versão do EMACS para a empresa UniPress (o que a tornaria proprietária), Richard Matthew Stallman, defensor da filosofia do software livre e de código aberto e lendário fundador do Projeto GNU (e que também já havia trabalhado no desenvolvimento de funcionalidades do TECO nos anos 70), decide começar a trabalhar em uma nova versão “livre” do editor, que entraria para a história como o primeiro software desenvolvido no âmbito do projeto GNU, o GNU Emacs.

Também escrito em linguagem “C”, o GNU Emacs contava com um interpretador Emacs Lisp integrado para uso como sua linguagem de programação interna, permitindo uma ampla e profunda extensibilidade de funcionalidades, seja diretamente pelos próprios usuários (conforme sua necessidade) ou por meio de pacotes concebidos e distribuídos pela sua comunidade.

Muito mais completo em recursos que seu antecessor Gosling Emacs, rapidamente ganharia fama por ser mais do que um “simples editor de texto”.

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O GNU Emacs rodando em uma interface de texto com múltiplas janelas

Projetado com foco nas necessidades de programadores, o GNU Emacs oferecia ferramentas poderosas para edição de códigos, como realce de sintaxe, autocompletar e suporte a múltiplas linguagens de programação, recursos adorados por 10 entre 10 desenvolvedores. 😊

Com o tempo, os usuários desenvolveriam extensões que o transformariam em uma plataforma multiuso, capaz de gerenciar e-mails, gerenciar arquivos, navegar na web, fazer cálculos, acessar sistemas de controle de versão como Git e até mesmo jogar. Essa versatilidade faria do GNU Emacs uma “sala de comando” para muitos entusiastas de tecnologia. 

Estes recursos, somados ao apelo da gratuidade e ao ambiente de linguagem LISP completo, fariam com que rapidamente caísse nas graças dos usuários, vindo a se tornar o editor Emacs padrão nos diversos ambientes baseados em Unix.

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As múltiplas funções do GNU Emacs
Software Livre

O lançamento do GNU Emacs também traria à tona a visão filosófica de Stallman sobre a liberdade no software, tornando-se um marco importante no movimento do “software livre”.

Ao tornar o código fonte do GNU Emacs disponível para todos, Stallman introduziria o conceito de “copyleft”, garantindo que o uso, modificação e distribuição do software permanecessem livres para todos os usuários, o que não apenas desafiaria o modelo comercial tradicional de software, mas também inspiraria a criação de licenças como a GNU General Public License (GPL).

Essa filosofia de compartilhamento e colaboração seria fundamental para o crescimento da comunidade de software livre e para o sucesso do Projeto GNU em si.

O Desenvolvimento

Em seus primeiros anos de existência, software GNU Emacs seria desenvolvido diretamente por Richard Stallman como parte do seu Projeto GNU. O controle do código era bastante centralizado, com Stallman desempenhando o papel principal na tomada de decisões sobre novos recursos e correções.

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Richard Stallman centralizava o desenvolvimento do GNU Emacs nos primeiros anos

A partir dos anos 90, com o aumento da popularidade do software, o projeto cresceria em número de colaborações externas de programadores do mundo todo, formando uma comunidade global de desenvolvedores que trariam novos modos de edição e extensões, gradativamente integradas ao projeto. Seu desenvolvimento se tornaria um pouco mais descentralizado, com voluntários enviando modificações e sugestões por e-mail ou através de listas de discussão.

Recursos como suporte a diferentes sistemas operacionais, melhorias no editor de texto e integração com novas ferramentas foram introduzidos. A colaboração aberta permitiu que o GNU Emacs se tornasse uma ferramenta altamente personalizável, consolidando-o como “queridinho” dos desenvolvedores.

Até 1999, apesar das contribuições externas, o desenvolvimento do GNU Emacs manteve-se relativamente fechado, sendo usado como um dos exemplos do estilo de desenvolvimento que ficaria conhecido como “catedral”, descrito no livro “A Catedral e o Bazar” escrito por Eric Steven Raymond.

Posteriormente, passaria a utilizar um modelo mais aberto, baseado em uma lista de discussão pública de desenvolvimento com acesso anônimo ao repositório de código centralizado CVS (Concurrent Versions System). O desenvolvimento ocorreria em um único “tronco” no CVS até 2008, quando a ferramenta GNU Bazaar (bzr) passou a ser utilizada. Atualmente, o GNU Emacs utiliza o sistema de controle de versão baseado na ferramenta Git, cuja migração foi concluída em 6 de novembro de 2014.

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Versões gráficas rodando nos sistemas Linux e Windows

Durante todo este tempo, Richard Stallman continuaria como figura principal do GNU Emacs, afastando-se eventualmente em alguns períodos. Em 5 de novembro de 2015, John Wiegley seria anunciado como o novo “cabeça” do projeto, seguido por Eli Zaretskii em julho 2016 e Lars Ingebrigtsen em setembro 2020, refletindo a evolução contínua e a importância do GNU Emacs na comunidade de software livre.

Décadas após seu lançamento, o GNU Emacs continua sendo amplamente utilizado e respeitado. Ele não só inspirou outros editores de texto e ferramentas de desenvolvimento, como também serviu como catalisador para o crescimento do movimento de software livre.

Símbolo de uma era de transformação tecnológica e ideológica, seu impacto transcendeu a computação, tocando debates sobre propriedade intelectual, inovação e colaboração global, permanecendo como um lembrete de que a liberdade no software pode fomentar criatividade e inovação.


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Vídeo(s):

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Stallman fala sobre o que gostaria de ver no Emacs
Entrevista com James Arthur Gosling sobre o Gosling Emacs
A criação do GNU
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*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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