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Em 5 de dezembro de 1995, a IBM anunciava publicamente, por meio de um comunicado de imprensa, seu revolucionário supercomputador IBM Deep Blue, especializado em jogar xadrez.

O projeto que levaria ao IBM Deep Blue, que tem raízes em antigos estudos de xadrez por computador realizados desde os anos 50, ganharia forma concreta com o trabalho do pesquisador taiwanês Feng-hsiung Hsu, que durante seu doutorado na Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, desenvolveria os sistemas ChipTest (1985) e Deep Thought (1988), protótipos experimentais de máquinas especializadas em jogar xadrez que chamariam a atenção da IBM Research.

Com seu doutorado concluído em 1989, Hsu seria então recrutado pela IBM para prosseguir com seu trabalho, que evoluiria para um novo sistema, 1000 vezes mais rápido que seu antecessor, e que seria batizado com o nome definitivo de “Deep Blue”, uma alusão ao apelido “Big Blue” comumente usado para designar a IBM.

O anúncio público da existência do IBM Deep Blue ocorreria no dia de hoje, quando, por meio de um comunicado de imprensa (press release), a empresa apresentaria o sistema que seria capaz de enfrentar os melhores jogadores de xadrez do mundo, unindo a “força bruta” de cálculo a algoritmos sofisticados de avaliação posicional.

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Os primeiros protótipos

No mesmo comunicado, a empresa informava também a realização de uma série de partidas contra o então campeão mundial Garry Kasparov, como parte do “ACM Chess Challenge“, organizado pela Association for Computing Machinery (ACM).

Em sua versão final, o IBM Deep Blue era muito mais do que um simples programa de xadrez rodando em um computador, tratando-se de um supercomputador massivamente paralelo de 32 nós, baseado em um cluster IBM RS/6000 SP (Scalable POWERParallel System), com cada um dos nós equipado com 8 processadores VLSI especialmente desenvolvidos para a tarefa de calcular jogadas de xadrez.

Com um software de controle escrito em linguagem C, rodando sob o sistema operacional AIX (o Unix da IBM), ele era capaz de avaliar até espantosas 200 milhões de posições por segundo, permitindo-lhe simular milhares de variações de jogadas em ínfimas frações de tempo.

O auge de sua fama chegaria pouco depois, durante o ACM Chess Challenge de fevereiro de 1996, quando IBM Deep Blue enfrentaria o então campeão mundial absoluto Garry Kasparov em um duelo histórico realizado na Filadélfia, nos Estados Unidos. Nessa ocasião, o supercomputador venceria a primeira partida do match, tornando-se a primeira máquina a derrotar um campeão mundial sob as condições formais de um torneio.

Apesar desse início chocante, Kasparov conseguiria decifrar o estilo da máquina, vencendo três partidas e empatando duas, fechando o confronto com uma vitória de 4 a 2. A humanidade ainda mantinha a superioridade, mas a margem estava diminuindo rapidamente.

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Kasparov (esquerda) e o engenheiro da IBM Feng-hsiung Hsu em uma das partidas

Após essa primeira experiência, a equipe da IBM aprimoraria profundamente o sistema, tanto em hardware quanto em software, com o novo IBM Deep Blue passando a operar com o dobro da velocidade e um algoritmo de busca mais eficiente.

O resultado seria revelado ao mundo na decisiva revanche de 1997, apelidada de “o mais espetacular evento de xadrez da história“, realizada em Nova Iorque, onde Kasparov e o IBM Deep Blue se enfrentaram novamente em mais seis partidas oficiais.

Ao final, o supercomputador venceria o confronto extremamente disputado por 3½ a 2½, com duas vitórias, três empates e uma derrota, tornando-se o primeiro computador a derrotar um campeão mundial vigente em uma disputa completa de xadrez com ritmo padrão, um momento recheado de simbolismo e que reverberaria por todo o mundo.

A vitória geraria manchetes globais (devidamente capitalizadas pela IBM) e debates intensos sobre a natureza da inteligência e o futuro da relação homem-máquina.

Kasparov acusaria a equipe da IBM de intervenção humana durante o jogo, uma alegação que a empresa negaria veementemente, defendendo a integridade do sistema autônomo durante as partidas, muito embora tenha se negado a entregar os “logs” do computador a Kasparov.

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O processador VLSI criado por Hsu

O russo havia também solicitado (antes da realização das partidas) à IBM os registros de partidas do IBM Deep Blue com outros oponentes, a fim de poder conhecer seu adversário, procedimento comum entre jogadores profissionais. A IBM, contudo, se negou a oferecer a informação.

A conquista de IBM Deep Blue não se deveu, contudo, a nenhuma “inteligência” no sentido humano, mas ao enorme poder de processamento “bruto” do computador, que dispunha, além da capacidade de mapear milhões de variantes e possibilidades de lances em alta velocidade, de extensas bases de dados contendo mais de 100 anos de partidas históricas, com aberturas e finais de jogo de grandes mestres. Seu algoritmo de avaliação, refinado com a ajuda do grande mestre Joel Benjamin, permitia à máquina julgar a qualidade de uma posição com uma precisão nunca antes vista em computadores.

A aposentadoria

Mas apesar de toda glória, a vida útil do IBM Deep Blue como “competidor” seria curta.

Após a vitória de 1997, a IBM recusaria os pedidos de uma terceira partida, decidindo encerrar o ciclo competitivo do IBM Deep Blue, pelo menos em termos de sua função original como desafio público de xadrez, optando por não dar sequência a novos matches contra Kasparov ou outros grandes mestres.

O sistema seria então desativado e desmontado, com partes de seu hardware original tendo sido preservadas em instituições históricas, como o National Museum of American History e o Computer History Museum, nos Estados Unidos, onde permanecem como peça de exposição e estudo.

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As partes remanescentes do IBM Deep Blue

A arquitetura RS/6000 SP, bem como as tecnologias de processamento paralelo e os algoritmos de busca desenvolvidos para o IBM Deep Blue seriam, entretanto, adaptadas e aplicadas em problemas complexos do mundo real, como previsão do tempo, modelagem financeira, mineração de dados (data mining) e simulações de dinâmica molecular na indústria farmacêutica.

Muito mais do que um “computador de xadrez”, o IBM Deep Blue seria um símbolo da transição entre duas eras da computação, demarcando o momento em que as máquinas começariam a deixar de ser apenas “ferramentas de cálculo” para rivalizarem com a mente humana em domínios que envolvem estratégia, planejamento e raciocínio lógico.

Seu sucesso, representando o ápice do paradigma da “força bruta” para resolver problemas complexos, motivaria a empresa a desenvolver e novas gerações de sistemas inteligentes, como o Watson, criado pela própria IBM mais de uma década depois.


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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Deep Blue vs Kasparov (BBC)
Porque programas de IA para xadrez são “virtualmente” imbatíveis
Mais em:



*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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