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Em 17 de janeiro de 1996, em uma pesquisa do projeto “Lick Planet Search Program“, um computador descobria novos planetas fora do sistema solar.

A façanha foi realizada pela dupla Robert Paul Butler e Geoffrey William Marcy, pesquisadores do projeto “Lick Planet Search Program” da Universidade da Califórnia, iniciado em 1987.

Na data de hoje, eles divulgavam os resultados dos seus trabalhos, reportando à American Astronomical Society (Sociedade Astronômica Americana) terem identificado dois novos planetas fora do sistema solar, utilizando, pela primeira vez na história, uma nova técnica de análise baseada em um software de computador, criado por eles.

Durante muitos anos, projetos de pesquisa destinados a localizar exoplanetas, como são chamados os planetas fora do sistema solar, concentravam seus esforços em técnicas de astrometria, ramo da astronomia que estuda as dimensões e posições dos astros.

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A “dança” das estrelas

Nesta técnica, os cientistas analisavam a posição relativa de uma estrela em relação à outra de referência, cuja variação da distância poderia indicar a presença de um objeto, como um planeta, atraindo com sua gravidade a estrela.

Mas os astrônomos estavam cientes da possibilidade de detectar exoplanetas pelo método Doppler, no qual se observam variações na velocidade com que uma estrela se afasta ou se aproxima de nós, que traz um grau de precisão muito superior ao método anterior.

Lembra daquelas situações em que o som de uma ambulância na rua, que se aproxima de você, torna-se mais agudo e depois, quando se afasta, vai ficando mais grave? Este é exatamente o efeito Doppler e que ocorre da mesma forma com a luz. 😊

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Usando o efeito Doppler para descobrir planetas

O programa desenvolvido por eles analisou dados espectrográficos da luz emitida por estrelas (coletados ao longo de vários anos), na busca por indícios de pequenos deslocamentos em sua posição. Isso indicaria que algum objeto estaria “puxando” a estrela do seu local original, sinalizando a possibilidade da existência planetas em sua órbita.

O momento mágico aconteceria às 8 horas da manhã do 31 de dezembro de 1995, um domingo, quando Butler entrou no Departamento de Astronomia de Berkeley para dar uma olhada nos computadores (produzidos pela Sun Microsystems), que executavam 24h por dia o programa criado por eles.

A quantidade de dados históricos acumulados em quase uma década era enorme, e o processamento dos dados de cada estrela podia levar dias. Mas ele percebeu neste dia que algumas das análises já tinham acabado e resolveu olhar um dos gráficos.

Eis que a brilhante estrela 70 Vir surgia com um sinal enorme, “dançando” para frente e para trás, indicando a presença de um planeta de 7 vezes a massa de Júpiter e com uma órbita de 116 dias.

Sobre esta passagem, Butler comentaria posteriormente

Depois de 9 anos trabalhando para chegar a esse momento, fiquei atordoado, em silêncio. Fechei os olhos por vários minutos e depois voltei a olhar para a tela do computador. O sinal ainda estava lá. Fiz isso várias vezes para garantir que o sinal não desaparecesse. No silêncio absoluto de uma manhã de domingo de véspera de Ano Novo, sentei-me durante a hora seguinte olhando para o sinal. Por muito tempo, tive a sensação de que Johannes Kepler estava parado sobre meu ombro, olhando para o mesmo sinal.”

Nas semanas seguintes, confirmariam também um planeta orbitando a estrela 47 UMa.

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A estrela “70 Vir” na concepção do software Celestia

Este método revolucionário, mudou definitivamente a busca por exoplanetas, sendo que mais de 4mil deles foram descobertos desde então. Esta dupla foi a responsável por descobrir, sozinha, 70 dos 100 primeiros deles.

Importante destacar que o resultado obtido só veio depois de quase uma década de trabalho árduo, relembrando a todos nós que ciência não se faz do dia pra noite 😉.

Em mais uma das inúmeras injustiças já cometidas pelo prêmio Nobel, a concessão do prêmio de Física de 2019 aos astrônomos suíços Didier Queloz e Michel Mayor, pela identificação do primeiro exoplaneta orbitado uma estrela parecida com o Sol, deixou de fora a dupla Butler e Marcy. Eles participaram ativamente da descoberta confirmando, em outubro de 1995, as observações preliminares dos suíços por meio dos seus equipamentos e softwares.

E deste ocorrido, outro aprendizado: de que ciência, hoje em dia, não se faz mais sozinho. É sempre o resultado de um esforço coletivo.

Para conhecer ou relembrar:

Que viajar virtualmente pelo universo conhecendo nebulosas, galáxias, estrelas e planetas? Estes dois softwares gratuitos vão lhe ajudar nesta jornada!


E você, sabe mencionar outras situações inusitadas em que um computador foi usado?

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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Geoffrey Marcy e Paul Butler falam para a NASA de 2012
Entrevista com Geoffrey William Marcy em que ele fala sobre seu trabalho
Palestra no Centro da Comunidade Judaica de São Francisco
Mais em:



*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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