O microcomputador Texas Instruments Computer 99/8 de 1983
Em 05 de junho de 1983, durante a feira Consumer Electronics Show (CES), a estadunidense Texas Instruments apresentava seu novo microcomputador Texas Instruments Computer 99/8.
O Texas Instruments Computer 99/8, também conhecido pelo codinome Armadillo, foi última tentativa da TI de chegar ao topo do mercado de computadores domésticos.
Projetado para ser o mais poderoso dos modelos da série TI-99, seria também o computador mais poderoso que qualquer outro modelo em sua faixa de preço.
Seu codinome, que também é o nome de um uma das espécies norte-americanas de tatus, significando “pequeno blindado”, talvez até quisesse dar o recado de que a Texas Instruments estaria chegando para a guerra. 😊
Ao mesmo tempo, o Armadillo é uma das muitas espécies em extinção, o que talvez também pudesse indicar alguma premonição sobre seu futuro.
Posicionado pelo fabricante não só como uma simples evolução do modelo TI-99/4A, o microcomputador Texas Instruments Computer 99/8 buscava agora atingir o tão disputado mercado empresarial.
Marcava também uma reorganização do marketing da empresa, passando a adotar uma nova denominação “Computer 99/8“, e não apenas TI-99/8, seguindo a nova política comercial da Texas Instruments (TI), que visava especificar a qual segmento de mercado se destinava cada um dos seus equipamentos.
Mas apesar de apresentado na CES em junho de 1983, mesmo com suas especificações avançadas para a época, o computador nunca foi comercializado!
Isso é mais surpreendente ao tomarmos conhecimento de que ele teve sua fase de desenvolvimento concluída, folhetos comerciais produzidos e até mesmo um lote de teste produzido.
Quando o presidente da TI anunciou o fim de sua produção, tanto seus desenvolvedores quanto entre os milhões de fãs, que esperavam ávidos por ele, foram pegos de surpresa.
O motivo parece ter relação com o custo relativamente alto de sua produção, o que novamente colocaria a TI em desvantagem com relação aos seus competidores (leia-se Commodore), bem como decisões comerciais sobre o posicionamento do computador no mercado.
Conta-se que o CEO da TI na época, J. Fred Bucy, tomou a decisão de que a TI precisava agir rapidamente para estancar o “sangramento” da empresa, que a estava fazendo perder centenas de milhões de dólares.
Em decorrência de sua decisão, teria convocado uma reunião do conselho de administração da empresa, que resultaria no fechamento de toda a divisão de computadores domésticos, encerrando assim a histórica disputa comercial com a Commodore e toda a esperança de evolução aguardada pelo grande grupo de usuários da plataforma.
Dos 250 protótipos e 150 versões finais de pré-produção, ao que se sabe, menos de 10 unidades completas e algumas placas-mãe incompletas sobreviveram ao processo, com todo o restante tendo sido destruído pela TI.
Apesar de não existirem muitos registros a seu respeito, as poucas informações que sobreviveram ao tempo dão conta das grandes evoluções em relação ao seu antecessor, cuja primeira versão (o TI-99/4) havia sido lançada quatro anos antes.
De cara, o Texas Instruments Computer 99/8 surpreende por suas dimensões, bem maiores que o TI-99/4A, embora com um perfil mais “slim”, adotando também a cor bege em seu gabinete, seguindo a mesma tendência dos últimos modelos do TI-99/4A.
Contava com um processador de 16bits TMS9995 de 10,7 Mhz de velocidade (100% compatível com o TMS9900 do TI-99/4A), processador de vídeo (VDP) TMS9118NL (com 16KB de memória dedicada e resolução de até 192 X 256 pontos e 16 cores), memória RAM de 64KB (expansível até 15 MB), memória ROM de 220KB, teclado profissional de 52 teclas, gerador de som de 3 canais com sintetizador de voz integrado na placa mãe, slot GROM para cartuchos agora posicionado verticalmente, além de conexões externas padrão Hexbus, expansão lateral de 16 bits com 50 pinos, joystick vídeo, alimentação e gravador K7.
Seu teclado foi totalmente redesenhado, adicionando novas teclas com o intuito de diminuir o uso da tecla FUNCTION.
Apesar de ter seis teclas a mais que seu antecessor, é no geral bem similar, com combinações de teclas praticamente idênticas e teclas direcionais nas mesmas posições, embora seu tamanho maior (10cm mais largo), similar ao de uma máquina de escrever elétrica, torne a digitação muito mais confortável.
Em relação ao seu software, o Computer 99/8 guardava total compatibilidade com o TI-99/4A, sendo capaz de executar com perfeição todos os aplicativos e jogos existentes em cartuchos, além da maioria dos programas escritos em BASIC.
Tinha finalmente caracteres minúsculos de verdade, diferentemente do modelo anterior no qual as “minúsculas” eram na verdade mini letras maiúsculas. 😊 O comando BASIC “KEY CHIRP” fazia com que um som fosse emitido cada vez que uma tecla fosse pressionada.
Sua programação trazia também inovações, com seu novo interpretador nativo de linguagem TI Extended Basic II (XB II) habilitado como padrão na inicialização, com mais alguns novos comandos, novo código de manipulação de strings, várias novas rotinas que faziam uso da manipulação de números decimais/hexadecimais e permitindo agora a programação dos modos gráficos, não só via linguagem Assembly como até então.
Além do TI Extended Basic, seu menu de inicialização incluía novas opções, como o sistema operacional UCSD PASCAL P-System, a função SET SPEED para configurar a velocidade do computador, podendo escolher entre os modos SLOW, modo de compatibilidade com o TI- 99/4A e modo FAST (para executar o 99/8 na velocidade total de 10 MHz), além da quarta opção que era exibida quando houvesse qualquer módulo conectado à porta GROM (cartucho).
Poucos meses antes, em janeiro de 1983, o modelo Texas Instruments TI-99/2 havia sido apresentado, também cancelado pouco tempo depois, em abril de 1983.
Definitivamente cancelado em outubro de 1983, o Texas Instruments Computer 99/8 foi um sistema que poderia ter sido revolucionário para a época, talvez até se colocando como possível concorrente ao Apple II, mas que por questões comerciais foi reduzido a simples promessa… e história.
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