A Electronic Entertainment Expo E3 de 1995

Em 11 de maio de 1995, tinha início a primeira edição daquele que seria, por quase três décadas, o maior palco de lançamentos da indústria dos games, a Electronic Entertainment Expo E3.
Nos anos 1990, a indústria de videogames vivia um momento de transformação. Os jogos eletrônicos, antes vistos como um nicho, tornavam-se um fenômeno cultural e comercial, impulsionados por avanços tecnológicos e pelo surgimento de consoles poderosos. No entanto, faltava um espaço dedicado exclusivamente a essa indústria em expansão, um lugar onde fabricantes, desenvolvedores e fãs pudessem celebrar e impulsionar o futuro dos games.
Nesse contexto nasceria a Electronic Entertainment Expo (E3), evento que não apenas marcaria o início de uma nova era, mas redefiniria como o mundo enxergaria os videogames, tornando-se o principal palco de anúncios, lançamentos e demonstrações da indústria de jogos eletrônicos, transformando-se na vitrine global do setor por quase três décadas.

O surgimento
Antes da criação da Electronic Entertainment Expo E3, os principais lançamentos e anúncios da indústria de videogames ocorriam em eventos dispersos, como o Consumer Electronics Show (CES) e o European Computer Trade Show (ECTS), onde a indústria de jogos dividia espaço com eletrônicos em geral. Outros eventos, como a Summer CES e feiras regionais, também serviam como palco para anúncios, mas nenhum deles era dedicado exclusivamente ao universo dos jogos eletrônicos.
Em função da natureza “mista” desses eventos, as empresas de jogos acabavam por se sentirem “marginalizadas”, sendo relegadas a áreas menos privilegiadas, muitas vezes ao ar livre, o que dificultava a promoção eficaz de seus produtos.
Ficava claro assim que, embora o CES fosse relevante, ele não atendia às necessidades específicas da indústria de games, que crescia rapidamente e demandava um espaço próprio para demonstrar novidades diretamente para varejistas, imprensa e desenvolvedores.
A partir de uma iniciativa de Pat Ferrell, da revista GamePro (propriedade do International Data Group – IDG), juntamente com a International Digital Software Association (IDSA) (posteriormente renomeada como Entertainment Software Association – ESA), nascia a Electronic Entertainment Expo (E3), primeiro evento focado inteiramente em videogames, reunindo fabricantes de consoles, publishers e desenvolvedores em um único local.

A primeira edição da E3 ocorreria entre os dias 11 e 13 de maio de 1995, no Los Angeles Convention Center, reunindo, além de 350 empresas e 1300 títulos de jogos, mais de 40mil participantes, incluindo representantes de varejo, jornalistas e fãs, tornando o evento um sucesso imediato e o maior da indústria de videogames desde então.
O evento contaria com a presença de grandes empresas do setor (dentre muitos outros) como Sony, Sega, 3DO Company, Acclaim Entertainment, Activision, Atari Corporation, Capcom, Electronic Arts, LucasArts, Namco, SNK, Williams Electronics, com a Nintendo e a Microsoft chegando ao apagar das luzes, após o súbito cancelamento do evento concorrente do mesmo criador do CES.
Entre os principais anúncios desta edição, destacava-se o lançamento do console Sega Saturn nos EUA, com a controversa revelação, no palco principal, de seu preço de US$ 399 e sua data de disponibilidade.
A Sony não ficaria atrás, anunciando a estreia do Sony PlayStation no mercado norte americano, com um preço agressivo de US$ 299, pegando de surpresa a concorrente a Sega e acirrando a disputa na “guerra de consoles” entre as empresas.

A Nintendo também participou da festa, apresentando o Virtual Boy, um console portátil com gráficos em 3D, bem como o Ultra 64, protótipo daquele viria a ser o Nintendo 64. Na oportunidade foram também lançados jogos para o Super Nintendo, como Donkey Kong Country 2, EarthBound e Killer Instinct.
Esses anúncios marcariam o início de uma nova era na indústria de jogos, com a E3 se estabelecendo como o principal palco para grandes revelações.
Evolução
Ao longo dos anos, a E3 evoluiria significativamente, deixando de ser uma feira voltada para negócios e varejo para se virar um “espetáculo midiático” global,tornando-se o evento mais importante da indústria de videogames.
Outra grande mudança ocorreria em 2017, com a abertura da visitação ao público em geral, com o início da comercialização de ingressos aos fãs. Em 13 de fevereiro de 2017, a ESA, organizadora da feira, colocaria à venda 15.000 ingressos, com os primeiros 1.000 ingressos sendo vendidos por US$ 149 cada e os restantes a US$ 249.

O evento também seria local de demonstrações de jogos pioneiros em 3D, como Tomb Raider e Battle Arena Toshinden, consolidando a E3 como o principal palco para inovações tecnológicas no setor.
Nos anos 2000, a E3 se tonaria conhecida por suas conferências extravagantes, como a da Microsoft em 2001, quando a empresa anunciaria o preço e a data de lançamento do seu console Xbox, e a da Nintendo em 2004, que revelaria ao mundo o portátil Nintendo DS. A Sony também marcaria época com apresentações memoráveis, como a do PlayStation 3 em 2006 e a do PlayStation 4 em 2013.
Declínio
No entanto, a feira encontrarias desafios na década de 2010, com a saída de grandes empresas como a Nintendo, que anunciaria que passaria a fazer seus próprios eventos digitais (Nintendo Direct), e a Electronic Arts, que criaria a EA Play. A ascensão de plataformas como a Internet e redes sociais reduziria a necessidade de um evento físico para anúncios, o que faria a própria ESA começar a repensar o formato da E3.
O evento enfrentaria ainda a questão do cancelamento das edições de 2020 e 2022 devido à pandemia de COVID-19 e a realização de uma edição virtual em 2021. A edição de 2023 seria também cancelada após a desistência de grandes empresas como Microsoft, Sony e Nintendo.

Isso faria com que, em 12 de dezembro de 2023, para tristeza dos fans, a ESA anunciasse o encerramento definitivo da E3, após anos de declínio em relevância e participação, citando mudanças na indústria, na forma como os fabricantes se relacionavam com seus os usuários, bem como a necessidade de focar em outras formas de apoio ao setor.
Embora a E3 não tenha um substituto direto, eventos como o Summer Game Fest (organizado por Geoff Keighley) e apresentações individuais das empresas (como o Xbox Showcase, da Microsoft, e o State of Play, da Sony) assumiram o papel de principais palcos para anúncios no segmento.
Embora a E3 tenha chegado ao fim, ela permanece como um símbolo da era de ouro dos jogos eletrônicos, sendo lembrada por seus momentos memoráveis e por ter moldado a maneira como o mundo consome notícias sobre games. Suas décadas de história refletem a trajetória da própria indústria, desde os saudosos tempos dos cartuchos e CDs, até a era do streaming e downloads digitais.
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Vídeo(s):
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*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
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