O microcomputador Coleco Adam de 1983
Em 05 de junho de 1983, durante a edição de verão da famosa feira Consumer Electronics Show (CES), a fabricante estadunidense Coleco apresentava seu novo microcomputador Coleco Adam.
Desenvolvido pela fabricante de brinquedos e videogames norte-americana Coleco Industries, o microcomputador Coleco Adam foi projetado tendo como ponto de partida o popular e bem-sucedido console de videogame ColecoVision.
A história do Coleco Adam seguia a esteira de sucesso do console ColecoVision, um dos concorrentes do Atari 2600 no mercado de videogames na época, numa tentativa ambiciosa da capitalizar essa popularidade do console e expandir sua linha de produtos para incluir um computador pessoal, passando a atuar também neste segmento.
Disponível tanto sob a forma de um módulo de expansão, que transformava o videogame ColecoVision em um computador, quanto como um computador completo, combinava as funcionalidades de computador e console de videogame num único dispositivo, sendo uma das primeiras experiências históricas de um sistema híbrido.
Foi projetado como um sistema integrado, com um gabinete que incluía, além da placa principal, um gravador de fita cassete e slot para conectar os cartuchos de jogos do ColecoVision. Um teclado e uma impressora tipo “margarida” também compunham o conjunto, oferecendo aos usuários uma opção completa e versátil de entretenimento e produtividade.
Contava com um microprocessador Zilog Z-80A de 3,58 MHz, três processadores auxiliares Motorola MC6801 operando a 1 MHz (para gerenciamento de memória/entrada e saída, controle do gravador K7 e controle de teclado), 64KB de memória RAM, memória ROM de 32KB, processador de vídeo Texas Instruments TMS9928A (com resolução máxima de 256×192 pontos, 16 cores e memória de vídeo dedicada de 16KB), processador de áudio Texas Instruments SN76489 (com 4 canais, equivalente ao Texas Instruments TMS9919), 3 slots internos de expansão, teclado profissional de 75 teclas, dois joysticks, slot para cartuchos ColecoVision na parte superior, fita cassete Digital Data Pack com capacidade de 256 KB, além de conexões externas serial AdamNet, expansão padrão ColecoVision e vídeo.
O sistema também possuía uma unidade de disquete opcional, vendida separadamente, que permitia rodar o tão desejado e onipresente sistema operacional de disco CP/M.
A impressora que fazia parte do pacote era uma curiosidade a parte. Isso porque a fonte de alimentação de todo o sistema, incluindo o computador, estava instalada “dentro” da impressora. Ou seja, se a impressora estivesse desconectada ou com defeito, nada de conseguir ligar o computador. 😊
Outro fato curioso estava relacionado ao pulso eletromagnético gerado pelo sistema toda vez que era ligado, capaz de apagar o conteúdo de fitas e disquetes que estivessem próximos.
O mais esquisito é que as primeiras versões do próprio manual, alterado depois, orientavam o usuário a colocar a fita com o software desejado “dentro” da unidade de leitura, antes de inicializar o computador… e ao ligar… puff… tudo apagado. 😊
Além disso, o sistema permitia que os usuários jogassem os cartuchos de jogos do videogame ColecoVision, o que proporcionava uma experiência de jogo adicional.
Diferentemente de outros computadores do mesmo período, o Coleco Adam não dispunha de um interpretador de linguagem BASIC integrado na sua ROM, sendo este interpretador (o SmartBASIC, compatível com o Applesoft BASIC) fornecido na forma de fita cassete padrão Digital Data Pack, um formato especial da Coleco que, apesar de “parecido” com as fitas k7 comuns de áudio, era incompatível.
Ao se ligar o computador, no lugar do BASIC, era apresentado o software SmartWriter, que desempenhava os papeis tanto como máquina de escrever eletrônica quanto de processador de texto.
Quando em modo “máquina de escrever”, cada letra pressionada no teclado era imediatamente enviada à impressora, como esperado de uma máquina de datilografia. 😊 Bastava pressionar a tecla Escape/WP para que o software alternasse para a função “processador de texto”, cujo funcionamento era análogo ao dos editores de texto dos computadores atuais.
Comparado com seus concorrentes da época, o Coleco Adam enfrentou uma competição acirrada, chegando em um mercado de computadores pessoais que estava em rápido crescimento e abarrotado de alternativas disponíveis aos consumidores.
Isso porque, embora contasse com a vantagem de herdar o grande catálogo jogos do ColecoVision, o Coleco Adam tinha como competidores ninguém menos que os populares Commodore 64, Atari 600XL/800XL, TRS-80 e Texas Instruments TI-99/4A, que ofereciam funcionalidades semelhantes, preços melhores e tinham ainda uma base de jogos, e especialmente de aplicativos, mais estabelecida.
Além disso, a ausência de disponibilidade imediata de uma unidade de disquetes (lançada posteriormente), já populares neste momento, limitaram ainda mais a capacidade do Coleco Adam de competir em pé de igualdade com seus concorrentes.
O Coleco Adam enfrentaria ainda, além dos sucessivos atrasos na data de seu lançamento (adiadas reiteradamente desde agosto até outubro de 1983 por problemas de fabricação), diversos problemas técnicos que afetaram sua reputação e desempenho no mercado, ocasionado, além da frustração aos consumidores, um elevado índice de reclamações e devoluções das unidades vendidas.
Seu lançamento ocorreria, finalmente, em outubro de 1983, com um preço inicial de US$ 700 pelo conjunto.
Em função de todos os problemas que enfrentou, o computador não vendeu tão bem quanto a empresa imaginava, com o volume esperado de 500mil unidades vendidas até o Natal, se convertendo em apenas 95 mil. Por fim, o Coleco Adam foi descontinuado em 1985, após apenas dois anos de mercado.
Apesar dos desafios, o Coleco Adam deixaria um legado na história dos computadores de uso doméstico, ajudando a abrir o caminho para a convergência entre computadores e consoles de videogame e mostrando o potencial de um sistema que pudesse oferecer tanto entretenimento quanto produtividade em um único dispositivo.
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Vídeo(s):
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Mais em:
- O videogame Atari 2600 de 1977
- O microprocessador Zilog Z-80 de 1976
- O sistema operacional Digital Research CP/M de 1974
- A Linguagem de programação BASIC de 1964
- O microcomputador Commodore 64 de 1982
- O microcomputador Commodore SX-64 de 1983
- O microcomputador Texas Instruments TI-99/4A de 1981
- O microcomputador Texas Instruments Computer 99/8 de 1983
- O microcomputador TRS-80 modelo III de 1980
- O microcomputador Atari 1200XL de 1982
- Os microcomputadores Atari 600XL e Atari 800XL de 1983
*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
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