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Em 23 de setembro de 1985, durante a V Feira Internacional da Informática, os modelos de computadores MSX brasileiros HotBit e Expert eram apresentados oficialmente ao público.

A década de 80 no Brasil foi um momento de grande efervescência tecnológica, onde diversas empresas nacionais produziam clones e adaptações de computadores estrangeiros, em meio às políticas de reserva de mercado de informática.

Neste período, surge em 1983 no Japão a proposta de criação de um padrão “comum” de hardware, que pudesse ser comercializado por diversos fabricantes japoneses e do resto do mundo, permitindo que qualquer software ou periférico feito para ele funcionasse em qualquer máquina compatível, não importando o fabricante.

Esta arquitetura, desenvolvida pela japonesa ASCII Corporation, braço da Microsoft no país, ficaria conhecida como MSX e ganharia o impensado apoio de gigantes como Sony, Panasonic, Yamaha, Philips, Canon, Fujitsu, Sanyo, JVC, Kyocera, NEC, Pioneer, Casio, Toshiba, Mitsubishi, Victor, Hitachi, Goldstar, Spectravideo, entre outras.

Após o sucesso da proposta em outros países, empresas brasileiras, como a Epcom Equipamentos da Amazônia (subsidiária da Sharp do Brasil) e a Gradiente Eletrônica despertariam o interesse em desenvolver versões nacionais, lançadas simultaneamente no dia de hoje durante a V Feira Internacional da Informática, ocorrida no pavilhão do Anhembi em SP.

O Epcom-Sharp HotBit HB-8000

Um dos representantes da arquitetura MSX no Brasil, o Epcom-Sharp HotBit HB-8000, embora alguns acreditem que seu projeto tenha sido inspirado no modelo Canon V-20, trata-se de um design original da Sharp do Brasil, que consumiu 18 meses de trabalho de um grupo de 130 pessoas.

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Vista interna do HotBit

Seguindo as especificações gerais do padrão MSX, o HotBit HB-8000 contava com um processador Zilog Z80A de 8 bits rodando a 3,58 MHz, memória RAM de 64 KB, memória ROM de 32 KB (incluído interpretador BASIC integrado), processador de vídeo Texas Instruments TMS9128 com 16KB de memória dedicada (capaz de exibir até 16 cores em uma resolução de até 256×192 pontos), processador de som General Instrument AY-3-8910 (com três canais de áudio  e um de ruído), teclado semiprofissional de 73 teclas e acentuação em português, 2 slots de expansão (um superior e outro lateral), além de conexões externas para impressora padrão centronics, joysticks, vídeo (RF e composto), áudio, gravador K7 e uma tomada de energia auxiliar.

Seu gabinete, com um design que combinava as cores branca e cinza na parte superior e preto na inferior, era do tipo “monovolume”, integrando teclado, placa principal e fonte de alimentação numa única peça.

Quando do seu lançamento, a Sharp prometia, para os próximos meses, o lançamento de diversos periféricos, como o gravador K7 HB-2400, joystick HB-100, modem HB-3000, interfaces de disco HB-3600, unidades de disco HB-6000, cartucho de 80 colunas HB-4000, expansão de memória 64KB HB-4100 e de uma expansão de memória de 512KB.

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Alguns dos acessórios e periféricos originais Epcom

Com o lançamento do HotBit, a Epcom tinha a ousada meta de ocupar 25% do mercado de computadores pessoais domésticos, que, segundos seus dados, era de aproximadamente 600mil unidades. Para tanto, apostava, além da vasta biblioteca de programas (e jogos) já existentes em todo mundo, também no engajamento de empresas desenvolvedoras de software nacionais.

Outro diferencial apontado pela empresa era também sua extensa rede de revendas e de assistências técnicas Sharp espalhadas por todo o país, característica que conferia, em sua opinião, uma sensação de segurança maior para os consumidores brasileiros em relação a outros micros disponíveis na época, fato que influenciaria positivamente na escolha dos consumidores.

Variantes posteriores

Além da versão original na cor branca, sem a marca “MSX” gravada no canto superior direito do gabinete (sobre a tecla DEL), nos anos seguintes, a empresa lançaria, já em 1986 um segundo modelo, também na cor branca, agora contendo o logo “MSX” sobre a tecla DEL.

Uma terceira versão branca, com uma serigrafia diferenciada contendo a marca EPCOM, chegaria a ser distribuída por um curto período de tempo, tendo sido substituída pouco tempo depois pelo modelo com gabinete preto, em 1987, último representante da linha antes da sua descontinuação em 1988, seja pelas vendas abaixo do espertado, seja por uma suposta “pressão” da Sharp japonesa.

A história que se conta é que este último modelo na cor preta, teria sido planejado para um possível lançamento de um MSX versão 2.0, que nunca viria a ser produzido.

O Gradiente Expert XP-800

Outro dos representantes do MSX no país foi o Gradiente Expert XP-800, produzindo pela empresa brasileira Gradiente Eletrônica, já famosa entre os brasileiros por seus por seus equipamentos de som Hi-Fi de alta qualidade, marcando a estreia da empresa no segmento de informática.

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O Gradiente Expert

Adotando as mesmas especificações técnicas gerais do padrão MSX (CPU, Memória, etc..), diferenciava-se “de cara” por seu projeto de gabinete numa bela cor grafite (com formato similar aos dos aparelhos de som da empresa), que separava a unidade de processamento do teclado, em um sistema de dois módulos. Isso dava ao usuário uma maior flexibilidade de operação, possibilitando que o teclado pudesse se posicionado em qualquer local confortável, até mesmo sobre o colo.

Sobre o projeto do Expert, as “más línguas” diriam que foi uma cópia do modelo japonês National CF-3000, o que seria uma grande “maldade” afirmar, mesmo sabendo que a empresa teria aparentemente importado modelos de diversos fabricantes (como Panasonic, Sony, Sanyo, National…) para “conhecer” durante a fase de projeto.

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Um CF-3000 e um Expert lado a lado: estes japoneses e sua mania de copiar a gente…😊#SQN

Além do teclado de 89 teclas (em tons de cinza e azul) com numérico reduzido e acentuação em português, que dava um ar mais “profissional” ao microcomputador, o Gradiente Expert contava ainda com um alto-falante integrado no gabinete (com controle de volume independente), porta de impressora traseira (formado IDC) e duas tomadas traseiras de energia para alimentação de periféricos.

Diferentemente do HotBit HB-8000, o Gradiente Expert apresentava seus dois slots de expansão na parte frontal do gabinete, onde também estava localizada a chave liga-desliga e as duas portas de joystick. Um destes slots possuía ainda um equivalente “espelhado” traseiro, em formato IDC (barra de pinos), o que lhe dava mais possibilidades de conectividade (segundo o fabricante), embora não pudessem ser usados simultaneamente.

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Vista interna do Expert

Outro diferencial eram suas saídas de vídeo. Uma delas, em formado de vídeo composto, era exclusivamente monocromática. Outra, seguindo o formato RGB (colorido), oferecia uma qualidade de imagem superior, requerendo, contudo, ou um monitor dedicado compatível, ou um acessório externo (modulador TA-1), de forma a possibilitar a conversão do sinal para exibição da imagem em um aparelho de TV comum, como era o costume da época para computadores deste tipo.

A empresa ainda prometia para breve o lançamento de periféricos, como o monitor monocromático MM-12, modem TM-1, Joystick JS-1, gravador “data-corder” DR-1, modulador de TV TA-1. Uma unidade de disco externa “avulsa” nunca chegaria a ser publicizada pela empresa, que certamente já tinha planos para criar uma alternativa futura de unidade integrada.

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Alguns dos acessórios e periféricos originais Gradiente

A questão principal no Expert foi que a empresa, propositalmente, alterou formatos de conectores de periféricos e até mesmo seu funcionamento lógico, a fim de forçar uma incompatibilidade com outros fabricantes e isolar os usuários do computador dos concorrentes, o que ia mortalmente contra toda a filosofia por trás da arquitetura MSX.

Com o lançamento do seu primeiro computador pessoal, a Gradiente estimava comercializar, ainda em 1985, 20mil unidades do Expert, acreditando que no próximo exercício, com o lançamento de novos periféricos e softwares, o micro alcançaria uma participação relevante no faturamento da empresa.

Variantes posteriores

Nos anos seguintes, a empresa lançaria ainda os modelos Expert GPC-1 (1987), Expert Plus (1989) e finalmente o Expert DD Plus (1989), com a linha sendo definitivamente descontinuada na virada da década (1990/1991).

A evolução do MSX no Brasil

O MSX brasileiros HotBit e Expert só chegariam efetivamente ao mercado em 25 de novembro e 1º de dezembro, respectivamente, a tempo das festas natalinas, onde encontrariam um público fiel, especialmente entre aqueles que buscavam uma máquina mais completa e com acesso a uma vasta biblioteca de softwares vindos do exterior, principalmente do Japão e Europa. Não é à toa que praticamente dominariam o segmento doméstico, desbancando modelos como Microdigital TK-90X, Prológica CP-400 e até mesmo os clones brazucas do Apple II, que por aqui tanto fizeram sucesso.

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Além da próprias Epcom e Gradiente, inúmeras empresas distribuiriam softwares MSX por aqui

O padrão MSX era também (e especialmente) um enorme sucesso no mercado de jogos, com centenas deles já disponíveis em formato de fita K7, cartucho ou disquete, como os famosos Knightmare, Antartic Adventure, Zanac, Yie Ar Kung Fu, dentre muitos outros. Este grande apelo dos games da plataforma faria com que ganhasse o apelido de “videogame com teclado. 😊🕹️

Eles foram devidamente pirateados “nacionalizados”, seja pela Epcom ou Gradiente, seja por alguma das inúmeras “software houses” que se incumbiriam de revender, em sua maioria, versões de jogos do exterior, com alguns poucos exemplos de criações nacionais, como o lendário “Amazônia” de Renato Degiovani.

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Amazônia: um dos jogos para MSX criados aqui no país

Com o lançamento dos modelos MSX HotBit e Expert brasileiros, talvez o segmento mais prolífico tenha sido o de hardware. Mentes geniais, como as por trás de empresas como Microsol, ACVS, DDX, criariam periféricos e acessórios notáveis, que causariam (e devem ter causado) espanto nos japoneses desenvolvedores do padrão.

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Diversas empresas produziriam também acessórios e periféricos aqui no país

O mercado editorial brasileiro também se movimentaria em torno da arquitetura. Além de revistas já consolidadas, como a Micro Sistemas, terem começado a dar atenção ao MSX, novas publicações, como a MSX Micro, surgiriam, ampliando o alcance e o interesse pelo Expert e HotBit, publicando notícias, dicas e programas inteiros para serem digitados pelos leitores.

No entanto, o mercado de microcomputadores no Brasil começaria a mudar rapidamente no início da década de 1990, quando a antiga reserva de mercado seria flexibilizada, passando a permitir a entrada de computadores mais modernos e potentes, como os “poderosos” PCs compatíveis com o padrão IBM, levando à extinção de gerações de TKs, MSXs, TRS80s, etc…🙁

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Um Expert virtual no multiemulador MCCEmu

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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Comercial de TV do HotBit
Review do HotBit e alguns dos seus acessórios
Comercial Gradiente Expert (1985)
Comercial Expert Plus e Expert DDPlus
Dominando o MSX (Prof. Pierluigi Piazzi)
Mais em:



*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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