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Em junho de 1985, a fabricante de computadores estadunidense Atari, agora sob a gestão de Jack Tramiel, tentava recuperar seu espaço lançando o revolucionário microcomputador Atari ST, o “Macintosh Killer”.

A origem do Atari ST está profundamente ligada à crise da Atari no início dos anos 1980. Após o colapso do mercado de videogames em 1983, a então Atari, Inc. foi dividida em duas partes: a divisão de arcades permaneceu com a Warner, enquanto a divisão de computadores e consoles domésticos foi vendida em julho de 1984 para Jack Tramiel, fundador e ex-presidente da Commodore International. Tramiel, certamente magoado e com “sangue nos olhos”, estava interessado em competir com sua antiga empresa e utilizou os recursos da nova Atari Corporation para lançar um microcomputador de 16/32 bits que pudesse rivalizar com a Commodore.

Primeiro computador pessoal da nova geração da Atari Corporation após a aquisição da empresa por Jack Tramiel, o Atari ST desembarcava em um momento de intensa transformação na indústria de computadores, quando a Apple já consolidava seu Macintosh (com sua interface gráfica revolucionária), a Commodore preparava o lançamento do poderoso Commodore Amiga e o IBM PC, embora em crescente expansão, ainda só fazia “beep” e produzia imagens monocromáticas (ou, na melhor das hipóteses, com poucas cores).

Este período marcava a transição dos computadores de meros equipamentos técnicos para ferramentas criativas e acessíveis ao público geral, com a música digital emergindo, o design gráfico computadorizado ganhando importância e a indústria vivendo uma acirrada disputa entre padrões fechados e sistemas abertos

E foi neste cenário de “competição acirrada”, especialmente com a iminência de lançamento do Commodore Amiga (de sua antiga empresa), que o Atari ST surgia como uma opção que equilibrava desempenho e custo, adotando o slogan comercial “Poder sem preço”.

microcomputador Atari ST 2
Vistas externas

Anunciado em 5 de janeiro de 1985 (durante a edição de inverno da feira Consumer Electronics Show – Winter CES), apenas 6 meses depois de Tramiel assumir o controle da Atari, teve seu projeto espantosamente concebido, desenvolvido e apresentado ao público em menos de um ano, por uma equipe composta majoritariamente por engenheiros que haviam deixado a Commodore, num esforço agressivo para retomar a relevância da marca no setor de computadores domésticos.

Seu lançamento se daria apenas 18 meses após o Apple Macintosh original (que custava US$ 2495), fazendo com que ganhasse o carinhoso apelido de “Jackintosh” (em homenagem ao Jack Tramiel), dadas as semelhanças de arquitetura existentes entre os dois computadores, que adotavam o poderoso microprocessador Motorola 68000 como cérebro. Efetivamente a ideia de Tramiel era criar um “matador de Macintosh”, visto que seu computador tinha recursos que o Mac ainda estava longe de ter.

Só que o novo Atari ST, cuja sigla advinha da expressão “Sixteen/Thirty-two” (em referência à arquitetura híbrida do processador Motorola 68000 e seu barramento externo de 16bits e interno de 32bits), tinha uma “pequena vantagem”: vinha de fábrica com quatro vezes mais memória RAM que o Macintosh e custava apenas US$ 799, menos de um terço do preço do micro da Apple.

Seu rápido desenvolvimento, contudo, apesar surpreender a muitos, deixaria outros tantos mais “céticos”, dada a aparência “barata” do computador, a saúde financeira incerta da Atari e as má reputação que a antiga empresa de Tramiel, a Commodore, tinha com os desenvolvedores de software.

Atari 520ST

A primeira versão da família a chegar ao mercado em junho de 1985 seria o Atari 520ST, que contava com processador Motorola 68000 de 8 MHz de velocidade, memória RAM 512 KB, memória ROM de 192KB (que incluiu o sistema operacional TOS nas versões posteriores), sistema de vídeo com resolução de até 640×400 pontos e um máximo de 16 cores (de uma paleta de 512), processador de áudio Yamaha YM2149F (variante do GI AY-3-8910) de 3 canais, além de conexões externas para dispositivos musicais MIDI, joysticks, mouse, monitor, unidades de disquetes externas (opcionais), cartuchos, além de portas de comunicação serial, paralela e ACSI (similar ao SCSI, para discos rígidos e impressoras).

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Vista interna do Atari 520ST
A revolução na música

Uma de suas grandes novidades eram as portas MIDI integradas na placa-mãe, algo inédito entre computadores pessoais. Este “golpe de gênio” transformaria o Atari ST em um sucesso inesperado entre músicos, estúdios e produtores, que passaram a utilizá-lo como estação de trabalho para sequenciamento e composição digital.

Seu impacto na música eletrônica seria revolucionário. Artistas como Tangerine Dream, Jean-Michel Jarre, Mike Oldfield, Depeche Mode, Pet Shop Boys, Fatboy Slim, dentre muitos outros, adotariam o computador como ferramenta de composição e produção, graças à sua estabilidade e a softwares pioneiros como o Cubase, Logic Pro, C-Lab e o Notator, muitos deles “nascidos” no Atari ST.

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O famoso DJ Fatboy Slim e seu inseparável Atari ST, onde criaria hits como “Rockafeller Skank”

Com ele, estúdios profissionais e amadores passaram a contar com uma solução acessível e poderosa, democratizando a criação musical, tornando o Atari ST sinônimo de inovação musical e ajudando a moldar o cenário da música eletrônica dos anos 1980 e 1990.

Gráficos

Além do mercado musical, o Atari ST teve também papel relevante nos cenários de criação gráfica, educacional e nos jogos. Sua arquitetura relativamente aberta, combinada com gráficos coloridos, suporte nativo para mouse e bom desempenho, atrairia desenvolvedores independentes e editoras de software, especialmente na Europa, onde teve uma base de usuários bastante sólida.

Isso foi possível graças ao computador dispor nativamente uma interface gráfica de usuário de alta resolução baseada no GEM (Graphics Environment Manager), desenvolvida pela Digital Research, que trazia recursos visuais e usabilidade semelhantes àqueles encontrados no Macintosh, mas com um custo significativamente menor. Rodando sobre o sistema operacional TOS (The Operating System), no fundo uma versão do CP/M-68K, o computador oferecia uma experiência avançada para a época (embora não multitarefa), mesmo em sua configuração básica.

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Aplicativos gráficos também fariam sucesso na plataforma

Sua arquitetura aberta também favoreceu uma forte comunidade de desenvolvedores independentes. Jogos, programas de desenho e ferramentas educacionais proliferaram na segunda metade da década de 1980, consolidando a plataforma como uma alternativa viável aos concorrentes mais caros. Neste período, ele seria amplamente utilizado, especialmente em setores criativos na Europa, nas áreas de design gráfico, CAD e editoração eletrônica, dado seu baixo custo em comparação a outras alternativas.

Apesar do TOS inicializar apenas a partir de disquetes nas primeiras unidades comercializadas do Atari ST, os computadores foram projetados com seis soquetes de ROM de forma a permitir uma fácil atualização. Isso possibilitou que, cerca de seis meses após o lançamento, todos os modelos começassem a ser enviados com a versão mais recente do TOS integrada na própria memória ROM, com kits de atualização sendo também disponibilizados a todos os usuários das máquinas mais antigas.

Evolução

Conforme também havia exibido na Winter CES de janeiro de 1985, a Atari pretendia lançar simultaneamente versões com 128 KB e 256 KB de memória RAM, sob os modelos Atari 130ST e Atari 260ST, respectivamente. No entanto, como o Atari ST foi inicialmente fornecido com o sistema TOS sendo inicializado a partir da unidade de disquetes, isso acabava exigindo 206 KB da memória RAM principal do sistema, deixando pouco ou nenhum espaço para aplicativos. O Atari 260ST até chegaria a ser lançado de forma tímida na Europa (com memória instalada de 512KB), mas não teve uma aceitação expressiva.

No final de 1985, as máquinas Atari 520ST foram atualizadas com a adição de um modulador de RF, que permitia seu uso com uma TV comum no lugar do monitor, criando-se a versão conhecida como Atari 520STM. Chegaria também o modelo Atari 520ST+, com 1MB de RAM.

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Alguns dos periféricos do Atari ST

Nos anos seguintes, a Atari evoluiria a linha lançando novos modelos. Em março 1986, colocaria no mercado o Atari 1040ST(F)(M), mantendo a mesma configuração básica, mas com o dobro de memória RAM (agora 1MB), unidade de disquetes integrada e fonte de alimentação interna.

Ele seria o primeiro computador pessoal fabricado com 1MB (1024KB) de memória RAM, sendo também o primeiro computador a quebrar a barreira dos US$1/KB. Isso era ainda mais notável ao se considerar que foi também o primeiro computador a quebrar a barreira dos US$ 2500/MB (ou US$2,5/KB). Dois recordes em uma tacada só. 😊

Em seguida, seriam lançados os Atari MEGA ST1/ST2/ST4 (1987), Atari 520STE e Atari 1040STE (1989), Atari STacy (1989) Atari TT (1990), Atari ST Book (1991) e o Atari Falcon (1992), último modelo da linha.

Apesar do sucesso inicial, mesmo com as sucessivas melhorias na linha, o Atari ST enfrentaria crescentes desafios na virada da década de 1990. O avanço dos computadores IBM-PC, compatíveis com MS-DOS e Windows, a concorrência com o Commodore Amiga (mais avançado graficamente), bem como a melhoria constante dos produtos da Apple, tornariam difícil para a Atari manter sua posição no mercado, encolhendo cada vez mais seu espaço.

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Anúncios da época

Olhando para trás, a história do Atari ST talvez represente um dos últimos grandes esforços da era dos computadores pessoais (junto com o Commodore Amiga) em oferecer uma alternativa real ao duopólio emergente Microsoft-Apple. Combinando inovação técnica e ousadia comercial, ele reafirmaria a imagem da Atari, não apenas como uma pioneira dos videogames, mas também como uma referência no segmento de computadores pessoais durante uma das décadas mais criativas e competitivas da história da informática.

Com a crescente fragmentação do mercado e a falta de apoio de grandes desenvolvedores, a linha Atari ST seria finalmente descontinuada em 1993, oito anos após seu lançamento, quando a empresa optaria por priorizar seu novo console de videogame Atari Jaguar. Mas ainda hoje mantém uma ativa legião de fãs em todo o mundo. 🙂


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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Jack Tramiel fala ao programa Computer Chrinicles sobre o Atari 520ST
Edição do programa Computer Chronicles de 1985 dedicada ao Atari 520ST e Commodore Amiga
Alguns dos modelos do Atai ST
Usando o Atari ST na música
Explorando as possibilidades musicais do Atari ST
O lendário DJ Fatboy Slim mostra seu Atari ST
Os 20 melhores jogos do Atari ST
Mais em:



*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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