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Em 1954, nascia aquela que viria a se tornar uma das mais icônicas empresas de computadores da história, a Commodore International.

A história da Commodore International, anteriormente Commodore Business Machines, é um daqueles casos em que a linha do tempo da empresa se confunde com a própria história da tecnologia, com uma jornada fascinante que abrange décadas de inovações.

Fundada na cidade canadense de Toronto em 1954 pelos empresários Jack Tramiel e Manfred Kapp, esta lendária empresa começaria sua jornada comercializando máquinas de escrever, calculadoras mecânicas e móveis para escritórios.

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Calculadoras: o início

Poucos anos depois, no início da década de 1960, com seu mercado em declínio face à forte competição dos produtos japoneses, decide iniciar a produção de calculadoras eletrônicas, cujos circuitos eram baseados em chips produzidos por outra gigante norte-americana da tecnologia, a Texas Instruments (TI), obtendo enorme sucesso comercial.

Tudo ia bem para a empresa até que, em 1975, a TI resolveria ela própria começar a produzir e comercializar calculadoras, a preços mais baixos que os das empresas para as quais ela vendia os chips… em suma… matou o negócio de calculadoras de todos seus antigos clientes de uma vez. Incluindo a Commodore.

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Jogada de mestre: a aquisição da MOS Technologies

Percebendo mais uma vez seu negócio indo por água abaixo, em uma ousada manobra, Jack Tramiel, então presidente da Commodore, tentando reaver sua competitividade no mercado de calculadoras, adquire a fabricante de chips estadunidense MOS Technologies em setembro de 1976, levando junto sua infraestrutura, pessoal (leia-se Chuck Peddle, designer de chips da MOS), patentes e, claro, o processador MOS 6502 (que também equiparia futuramente o computador Apple II).

Foi quando Chuck Peddle, agora funcionário da Commodore, convence Tramiel a deixar as calculadoras de lado, investindo numa “tendência” que começava a surgir: os microcomputadores.

Chegariam a buscar no mercado algum projeto de computador para adquirirem, mas sem sucesso. Conta-se que ninguém menos que Steve Jobs teria oferecido o projeto do Apple II para eles, mas que o valor pedido por Jobs teria sido muito alto.

Já imaginou se o Apple II tivesse sido da Commodore?!?!😯

O Commodore PET

Era a oportunidade de Peddle levar finalmente adiante seu projeto do PET (Personal Electronic Transactor), um dos primeiros computadores pessoais “de massa” disponíveis comercialmente.

Diferentemente dos seus antecessores (como o Altair 8800 e o IMSAI 8080), que eram vendidos na forma de kits para montar (restringindo seu público aos “iniciados” na arte da eletrônica), o Commodore PET chegava “pronto” para o usuário, o que ampliava enormemente seu alcance de mercado.

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Commodore PET: um dos membros da “Trindade de 77”

Apresentado publicamente em janeiro 1977, o Commodore PET foi uma família de computadores no estilo “all-in-one” (tudo em um), que formaria, junto com Apple II e o TRS-80, aquela que ficaria conhecida como “Trindade de 1977”, estabelecendo as bases para do mercado de computadores pessoais que se iniciava.

Nas décadas seguintes, sob a liderança visionária de Tramiel, a Commodore se transformaria em uma das pioneiras na revolução dos computadores pessoais, produzindo diversos modelos da linha Commodore PET e passando a ser reconhecida mundialmente como uma empresa de “informática”.

O Commodore VIC-20

A Commodore inovaria novamente com o lançamento, em maio de 1981, do microcomputador Commodore VIC-20, um computador doméstico de 8 bits que, apesar do design diferenciado, era tido como membro da família PET.

Mas nem tanto.

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Commodore VIC-20: agora em cores!

Isso porque trazia consigo o inovador chip VIC (Video Interface Chip), que passava a assumir diversas operações internas do computador, como o processamento de áudio e vídeo (agora colorido), controle de acesso direto à memória (DMA), portas de conversão analógico-digital e operação de uma caneta óptica, aumentando enormemente a capacidade do microcomputador.

Com os atrativos de gerar gráficos coloridos e ter um preço baixo, o Commodore VIC-20 foi um sucesso imediato, chegando ao espantoso número de 9 mil unidades fabricadas ao dia em sua melhor fase.

O Commodore 64

O verdadeiro divisor de águas surgiria em agosto de 1982, com o lançamento do Commodore 64, um computador doméstico de 8 bits acessível e poderoso, que rapidamente se tornaria um fenômeno global, impulsionando a popularização da computação pessoal e estabelecendo a Commodore como uma força a ser reconhecida na indústria.

Com ele, a Commodore não só dominaria o mercado, mas também inspiraria gerações de entusiastas em tecnologia e desenvolvedores de software.

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Commodore 64: a lenda

Foi sem dúvida um dos computadores mais populares de todos os tempos, com participação de mais de 30% no mercado estadunidense, tendo vendido mais de 17 milhões de unidades em todo mundo e dispondo de uma biblioteca com mais de 10.000 softwares desenvolvidos.

O Commodore 64 produziria ainda diversos descendentes como o Commodore MAX (versão de baixo custo focada em jogos), SX-64 (versão transportável com monitor e unidade de disco integrados), PET/Educator 64 (versão desktop com monitor integrado destinada ao mercado educacional), C64 Games System (console de videogame baseada no C64) e C64C (versão com gabinete modernizado no estilo do modelo C128).

Batalha com a Texas Instruments

O Commodore 64 seria também “palco” para uma épica batalha comercial que entraria para a história do mercado de computadores.

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A briga que acabou com a derrota da TI

Talvez engasgada com a “pernada” levada lá em 1975, a Commodore iniciaria em uma disputa de preços com os microcomputadores TI-99/4A da Texas Instruments (TI), levando seu preço a cair dos US$ 1.150 (quando do lançamento em 1979) para incríveis US$ 49, fazendo com que a Texas Instrument, reconhecendo a derrota, abandonasse o segmento de computadores em 1983.

O troco da 1975 havia sido dado. 😊

Mas esta guerra faria também outras vítimas…

Crash dos videogames

Outra “contribuição” do Commodore 64 (e do VIC-20) foi a de “exterminar” o mercado de videogames estadunidense no ano de 1983.

Isso porque, em função de uma excelente estratégia de marketing, o Commodore 64 foi capaz eliminar a então existente fronteira entre os videogames e os computadores.

Porque comprar um videogame se você pode ter um computador?”, diziam seus anúncios.

Isso fez com que as pessoas passassem a adquirir computadores (muito mais poderosos e flexíveis) no lugar de videogames, produzindo, sem sombra de dúvidas, uma grande influência no surgimento do fenômeno que ficaria historicamente conhecido como o “crash dos videogames” de 1983, que faria o mercado de consoles norte-americano entrar em colapso, mergulhando numa profunda recessão. Só ressurgindo anos depois graças a um certo encanador italiano de bigode.

O Commodore Plus/4

Buscando dar um passo adiante em sua linha, lançaria em junho de 1984 seu modelo de 8bits Commodore Plus/4, que chegava com a difícil missão de suceder ao Commodore 64.

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Commodore Plus/4: tentativa fracassada

Com uma CPU mais potente, trazia embutidos em sua memória ROM quatro aplicativos básicos (daí o nome plus/4): editor de textos, planilha eletrônica, banco de dados e editor gráfico.

Mas sua total incompatibilidade com seu antecessor faria dele um fiasco comercial.

O Commodore 128

A empresa produziria ainda um último modelo com uma arquitetura de 8bits, tentando novamente substituir o bem-sucedido Commodore 64, ao mesmo tempo em que se colocava como adversário do Apple Macintosh e do IBM PC: o Commodore 128.

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Commodore 128: último 8bits

Anunciado em janeiro de 1985, embora tenha obtido razoável sucesso, não foi páreo para os concorrentes da família Atari ST, lançados pouco depois.

O Commodore AMIGA

Mas a Commodore tinha uma nova carta guardada na manga para a próxima jogada… o revolucionário microcomputador Commodore Amiga.

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Commodore Amiga: revolucionário

Lançado em julho de 1985, tratava-se de um avançado microcomputador de 32 bits que dispunha de recursos gráficos multicoloridos e capacidade sonora muito à frente do seu tempo, isso apenas um ano depois do lançamento do monocromático Macintosh da Apple. Que, por sinal, utilizava o mesmo microprocessador Motorola 68000.

Talvez nem a Commodore tenha entendido o que tinha criado na época com o Amiga: o primeiro computador multimídia do mundo, visto que tinha recursos avançados para manipular, simultaneamente, gráficos, sons e vídeo.

Commodore PC

Não querendo ficar de fora da festa e aproveitando a força de sua marca, a empresa ainda se aventuraria no universo dos PCs, lançando em abril de 1984 seu próprio IBM PC Compatível.

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Um dos modelos da linha Commodore PC

Apresentado durante a feira de Hanover na Alemanha, tratava-se de uma versão com tela monocromática padrão MDA muito similar ao modelo IBM original, mas algumas melhorias como memória RAM de 512KB de séria, portas serial e paralela integrada na placa mãe (liberando slots de expansão), bem como espaço disco rígido.

Diversos modelos foram produzidos entre 1984 e 1991, incluindo laptops.

Commodore 900 (Commodore Z-8000)

Durante o mesmo evento na Alemanha em abril de 1984, a Commodore apresentaria ainda sua nova aposta com um sistema baseado no microprocessador de 16bits Zilog Z-8000, o Commodore 900 (CBM 900), também conhecido como Commodore Z-8000 ou Commodore Z-Machine.

Adotando uma conceito similar ao modelo italiano Olivetti M20, o Commodore Z-8000 foi pensado para o segmento corporativo, com versões tipo “estação de trabalho”, para utilização de sistema de Desenho Assistido por Computador, ou tipo “servidor de terminais”, que prometia suportar até 8 usuários simultâneos rodando uma das variantes do sistema operacional UNIX.

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A “estação de trabalho” Commodore 900/Z-8000

Teve seu projeto abandonado face à incapacidade da empresa em produzir muitos modelos distintos. Apenas cinquenta protótipos foram fabricados e comercializados como sistemas de desenvolvimento, ao preço de US$ 4.000, antes do projeto ser cancelado.

O Declínio

No entanto, apesar de seu enorme sucesso e de lucros estratosféricos, a partir de meados dos anos 80 a Commodore começaria a se deparar com desafios significativos.

O principal deles estava relacionado à gestão da empresa, que enfrentaria disputas por seu controle que desencadeariam na renúncia de Tramiel em 14 de janeiro 1984, momento em que a empresa atingia seu auge, faturando horrores.

Pouco tempo depois, em julho de 1984, Tramiel, agora fora da Commodore, adquiriria a quase falida divisão de consoles e computadores da Atari, recuperando seu mercado e lançando, no ano seguinte, o histórico computador Atari ST.

Mas mesmo com o novo fôlego adquirido com o lançamento do Commodore Amiga em 1985, a concorrência acirrada e mudanças no mercado, que incluíam o lançamento de PCs com recursos equivalentes, levariam a empresa a dificuldades financeiras que culminariam em seu pedido de falência de 29 de abril de 1994, marcando o fim de uma era.

E o Commodore 64, embora já velhinho e ultrapassado, permaneceu sendo comercializado até o último dia de funcionamento da empresa.


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Vídeo(s):

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Jack Tramiel: da Commodore à Atari
Entrevista de Jack Tramiel no programa de TV Computer Chronicles (1985)
Entrevista de 1983 no programa The MacNeil/Lehrer NewsHour
Jack Tramiel, o judeu polonês que mudou o mundo
Mais em:



*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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