O software MySQL de 1995

Em 23 de maio de 1995, nascia o software MySQL, um sistema de gerenciamento de banco de dados relacional que se tornaria um dos pilares da internet moderna.
A história da criação do MySQL remonta ao início dos anos 1990, quando o programador finlandês Michael “Monty” Widenius, trabalhando em sua empresa TcX (fundada em 1985 com Allan Larsson), desenvolvia e comercializava há algum tempo um sistema de banco de dados próprio, chamado UNIREG.
Foi quando seus clientes começaram a solicitar que o seu UNIREG passasse a dispor de uma interface padrão SQL (Structured Query Language) para acesso aos dados armazenados, momento em que decidiriam construir um novo sistema que combinasse a facilidade de acesso do SQL com a leveza do UNIREG.

Nascia aí o revolucionário Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) MySQL, concebido a partir de 1994 pelo grupo de programadores formado por Michael “Monty” Widenius, juntamente com os suecos Allan Larsson (seu antigo sócio) e David Axmark, que, fundando em 1995 a empresa MySQL AB, buscariam criar uma solução que democratizasse o acesso aos sistemas de bancos de dados eficientes, especialmente para desenvolvedores independentes e startups.
Lançado em um momento em que a web começava a ganhar escala global, o MySQL surgia como uma alternativa rápida e leve, em um mercado dominado por soluções caras e complexas, como Oracle, Microsoft SQL Server, Sybase, Informix e IBM DB2, todos bancos de dados relacionais poderosos voltados a grandes corporações, que exigiam licenças custosas e hardware robusto.
Seu nome foi obra de Widenius, o principal arquiteto do projeto, que batizaria o software em homenagem à sua filha “My”, combinando seu nome com a sigla “SQL”, a principal “linguagem” utilizada em SGBDs.

Apesar de uma primeira versão oficial produzida em 23 de maio de 1995, que acabaria sendo dedicada ao uso interno, e de algumas versões de desenvolvimento posteriores, teria sua primeira versão publica, a MySQL 3.11.1 para o sistema operacional Sun Solaris, liberada apenas em outubro de 1996, que cairia rapidamente nas graças da comunidade de código aberto (open source).
Desenvolvido com foco em desempenho e simplicidade, o MySQL rapidamente se destacaria entre desenvolvedores, empresas e administradores de sistemas que buscavam uma solução leve, acessível, robusta, escalável e confiável para armazenar e manipular grandes volumes de dados de maneira estruturada, sem altos investimentos financeiros.
Sobressairia desde o início por sua arquitetura modular, que permitia escalabilidade em ambientes de alta demanda, como por exemplo em aplicações baseadas na web. Além disso, sua compatibilidade com múltiplas plataformas (como sistemas Unix, Linux, Windows, dentre muitas outras) e sua integração com linguagens como PHP, seriam cruciais para a explosão de aplicações web nos anos 2000.

Programado utilizando as linguagens C e C++, o MySQL desde o início ofereceu suporte ao padrão SQL (Structured Query Language). Evoluiria substancialmente ao longo dos anos para suportar múltiplos mecanismos de armazenamento (como MyISAM e, mais tarde, InnoDB), acesso multiusuário simultâneo com bloqueio por nível de linha ou tabela, replicação de dados, conectividade via drivers ODBC e JDBC Com o tempo, passaria a oferecer também suporte a triggers, views, stored procedures, transações ACID (via InnoDB), e melhorias contínuas de desempenho e segurança.
MariaDB
A compra da MySQL AB pela Sun Microsystems (anunciada em 16 de janeiro de 2008) e, posteriormente, a aquisição da Sun pela Oracle Corporation (anunciada em 20 de janeiro de 2009) gerariam, contudo, preocupações nas comunidades de software livre ao redor do mundo sobre o futuro do sistema.
Estas preocupações levariam à saída de Widenius (até então o principal desenvolvedor do MySQL dentro da Sun) da empresa em 5 de fevereiro de 2009, para fundar uma nova empresa, a Monty Program AB.

Esta mudança resultaria na criação do novo sistema MariaDB (batizado com o nome da filha mais nova de Widenius), um do fork do MySQL lançado em 29 de outubro de 2009, cujo desenvolvimento seria liderado pelo próprio Monty Widenius, que garantiria total compatibilidade com o sistema anterior, suportando as mesmas funcionalidades e comandos.
Ainda assim, o MySQL continuaria a ser mantido pela Oracle, recebendo atualizações, novos recursos e suporte comercial. Atualmente, o MySQL está presente em milhões de servidores, sendo utilizado por gigantes da tecnologia como Facebook, Twitter e YouTube, além de sistemas de gerenciamento de conteúdo como WordPress, Joomla e Drupal.
Comparado a outros sistemas concorrentes como PostgreSQL, Oracle ou Microsoft SQL Server, o MySQL ainda é frequentemente elogiado por sua simplicidade, facilidade de uso, grande base de usuários, documentação vasta e pela otimização para leitura de dados, sendo a escolha padrão para aplicações web. No entanto, ele ainda é alvo de algumas críticas relacionadas ao seu tratamento de operações complexas de escrita intensa.

Mesmo assim, seu alto desempenho em aplicações web e facilidade de implantação o tornaram a escolha natural em ambientes LAMP (Linux, Apache, MySQL, PHP/Python/Perl), colocando-o entre as primeiras posições da lista bancos de dados mais usado no mundo, mantida pelo site DB-Engines.
Hoje, o MySQL permanece como uma das tecnologias mais influentes da história da computação, tendo sido um dos principais responsáveis por democratizar o acesso a tecnologias de banco de dados mais “robustas”, tornando-se uma das molas propulsoras do desenvolvimento da web e da economia digital ao redor do globo.
Mais um dos muitos exemplos de como o software livre pode marcar positivamente a evolução tecnológica.
E você, já utilizou o MySQL em alguma aplicação sua?
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Vídeo(s):
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Mais em:
- O sistema operacional SunOS de 1983
- O Microsoft ODBC de 1991
- O software dBASE II de 1981
- O aplicativo Microsoft Access 1.0 de 1992
*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
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