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Em 11 de outubro de 1950, a Federal Communications Commission dos EUA aprovava o primeiro padrão de TV em cores.

A jornada em busca da tecnologia para transmissão de TV com imagens coloridas se iniciaria ainda na década de 1920, quando engenheiros e inventores, como britânico John Logie Baird, realizaram experimentos utilizando sistemas mecânicos que combinavam discos giratórios e luzes coloridas, permitindo adicionar cores às imagens em preto-e-branco (P&B).

Mas embora o inovador sistema de Baird fosse impraticável para uso comercial (devido à baixa qualidade e à complexidade técnica), seus princípios estabeleceriam os fundamentos para futuras inovações, que levariam, na década de 1940, ao advento dos primeiros sistemas totalmente eletrônicos e do estabelecimento dos primeiros padrões.

Após um longo hiato provocado pela Segunda Guerra Mundial, as pesquisas em TV colorida ganharam impulso significativo, principalmente nos Estados Unidos, lideradas por empresas como RCA e CBS.

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Field-sequential color system: primeiro padrão em cores

Pressões internas pelo licenciamento de novos canais de TV, levariam o órgão regulador estadunidense Federal Communications Commission (FCC) a buscar novas faixas de transmissão no espectro de frequências, aproveitando o ensejo para estimular a criação de novas tecnologias para transmissão em cores.

Para tanto, convocaria em 1948 os fabricantes a demonstrarem suas soluções, com empresas como CBS, Color Television Inc (CTI), PHILCO e RCA tendo apresentado suas propostas. A proposta da CBS, embora incompatível com o sistema P&B já em funcionamento, sairia vitoriosa, com a FCC aprovando o Field-sequential color system (FSC) como padrão nacional de TV e cores em 11 de outubro de 1950.

Primeira Transmissão

A primeira transmissão pública no novo sistema em cores só ocorreria em 25 de junho de 1951, em função de disputas judiciais com a RCA, com o show de variedades “Premiere” sendo exibido em apenas 30 protótipos de receptores coloridos espalhados pela área de Nova Iorque. Nenhum dos aparelhos P&B existentes pôde assistir ao programa, visto que não eram capazes de receber as imagens.

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A primeira transmissão colorida, em 1951

Só que a ampliação do número de domicílios com aparelhos de TV P&B instalados nos EUA, que já beirava a casa dos 10milhões nesta altura, acabaria por jogar por terra as possibilidades de criação de novos padrões “em cores” que fossem incompatíveis com os sistemas anteriores.

Além disso, os meses de briga judicial promovidos pela RCA dariam a esta empresa tempo suficiente para, primeiro, propagar a informação ao público de que o sistema criado pela CBS era incompatível com seus televisores, e segundo, aumentar sua participação de mercado, ao mesmo tempo em que resolvia os problemas técnicos de sua proposta de padrão anterior.

Isso faria com que as discussões sobre a criação de um novo padrão, compatível com os receptores P&B instalados, fossem retomadas, resultado, em 17 de dezembro de 1953, na aprovação da nova versão do padrão National Television System Committee (NTSC), agora com suporte a cores. E esse novo padrão era, basicamente, a proposta da RCA. 😊

Este último movimento garantiria a compatibilidade com televisores em preto-e-branco, tornando-se um passo essencial para a popularização da TV em cores nas décadas seguintes.

As primeiras transmissões (ainda em caráter de teste) já vinham ocorrendo, com o primeiro programa em cores sendo gerado em 30 de agosto de 1953 (que só pôde ser assistido nos estúdios da emissora NBC) e a primeira transmissão colocada “no ar” em 31 de outubro de 1953.

Primeiro aparelho de TV em cores

A aprovação de um padrão nacional definitivo para a transmissão de TV em cores, viabilizaria finalmente a fabricação em massa de receptores pelos diversos fabricantes.

Nesta corrida, sairia na frente a Admiral Corporation, cujo modelo Admiral C1617A, lançado em 30 de dezembro de 1953, seria reconhecido como o primeiro aparelho receptor de TV em cores da história a ser colocado a venda. Outras fontes mencionam a data de 18 de dezembro de 1953 como possível data de lançamento.

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Admiral C1617A: o primeiro receptor

Colocado no mercado dias depois da aprovação do novo padrão, o receptor contava com uma tela com tecnologia de tubo de raios catódicos (CRT) de 15” e resolução de 525 linhas, custando a “bagatela” US$ 1.175 na época (mais de US$ 13.000 em 2024), o que restringia seu mercado aos consumidores mais endinheirados.

A Westinghouse e a RCA não ficariam de fora da festa, lançando, pouco tempo depois, seus modelos Westinghouse H840CK15 e RCA CT-100, vendidos a valores similares, na casa dos US$ 1.000-1.500.

A maioria dos demais fabricantes também anunciava a produção de novos modelos em cores. Mas a questão é que eles não eram vistos nas lojas e as pessoas simplesmente não conseguiam adquiri-los, mesmos estando dispostas a pagar o salgado preço da novidade, cinco vezes mais cara que os modelos P&B comercializados na época (com telas maiores).

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Outros modelos lançados pouco depois

Além disso, a tecnologia enfrentava problemas de aceitação pelo público. Isso por quê, somado do preço elevado e ao pequeno tamanho dos tubos de imagens em produção, a qualidade das imagens em cores (ou mesmo em P&B) dos novos aparelhos ainda estava muito aquém das expectativas dos consumidores.

A transição para o universo colorido na TV foi, assim, leeeenta. Como diriam atualmente, a TV em cores “flopou”. 😊 Poucos programas estavam sendo transmitidos em cores e a infraestrutura das emissoras ainda estava se adaptando ao novo padrão.

Nada menos que 20 anos de evolução seriam necessários para que as vendas de TVs em cores ultrapassassem finalmente os modelos P&B, o que só ocorreria em 1972.

TV em cores no Brasil

Aqui no Brasil, a primeira emissora de TV (ainda em preto-e-branco) chegaria em 18 de setembro de 1950, com a inauguração em São Paulo da TV Tupi.

Na década seguinte, embora transmissões em cores tenham sido conduzidas pelas emissoras paulistas TV Excelsior e TV Tupi, as iniciativas de “colorização” da TV não seguiriam adiante, visto a indisponibilidade de receptores fabricados localmente, a preços acessíveis.

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Década de 60: Primeiras transmissões em cores no Brasil

A escolha por um padrão brasileiro de TV em cores enfrentaria ainda outros desafios, em função das restrições econômicas e políticas surgidas após o golpe militar de 1964.

Naquela altura, embora a opção pelo sistema NTSC (utilizado nos Estados Unidos) fosse o caminho mais natural, devido à compatibilidade com a infraestrutura já existente por aqui, leis protecionistas dificultavam a importação de televisores e equipamentos de transmissão.

Além disso, deficiências técnicas do padrão colorido estadunidense geravam instabilidades na exibição de cores nos receptores, o que lhe renderia o apelido de “Never Twice the Same Color” (Nunca duas vezes a mesma cor).

Isso faria com que, durante o regime militar, o Brasil decidisse desenvolver seu próprio padrão, estabelecendo, por meio da Resolução n° 20/1967 do Conselho Nacional de Telecomunicações (CONTEL), o padrão PAL-M como solução para implementar a televisão em cores de forma compatível com as condições técnicas existentes no país.

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Walter Bruch, inventor do sistema PAL, com seu protótipo

Inspirado no sistema PAL (Phase Alternating Line) europeu, criado pelo engenheiro alemão Walter Bruch da empresa TELEFUNKEN nos anos 60, o PAL-M foi adaptado para operar com a frequência de 60 Hz e as 525 linhas do sistema M (do NTSC), usado no Brasil e em outros países da América do Norte e América Latina, que já utilizavam o padrão de televisão em preto e branco baseado no NTSC.

A escolha pelo PAL, no lugar do NTSC, foi motivada pela maior qualidade de imagem e estabilidade cromática (cor), já que o PAL corrige automaticamente pequenas variações de fase que podem ocorrer durante a transmissão do sinal de radiofrequência.

Estas características peculiares fariam com que este novo padrão fosse de uso exclusivo do Brasil, não tendo sido adotado em nenhum outro país do mundo.

Após muitas idas e vindas técnico-políticas, o sistema brasileiro seria oficialmente lançado com a realização da primeira transmissão de TV em cores pela Rede Globo, ocorrida no dia 19 de fevereiro de 1972, que transmitiu a 12ª Festa da Uva de Caxias do Sul, com imagens da TV Difusora de Porto Alegre.

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1972: primeira transmissão “oficial” em cores na festa da Uva/RS

Esta primeira transmissão teria sido originalmente planejada para ocorrer durante o desfile de carnaval de 1972, no Rio de Janeiro. Contudo, determinações, tanto do Ministro das Comunicações quanto do Presidente da República da época, ambos gaúchos, teriam mudado o local da estreia para o estado do Rio Grande do Sul.

O sistema PAL-M possibilitou que as transmissões em cores fossem recebidas pelos aparelhos em P&B existentes sem a necessidade de adaptadores, facilitando a transição para a nova tecnologia de televisão em cores.

Há, contudo, outro registro histórico que documentaria o início da TV em cores no Brasil, quase uma década antes daquela que seria considerada a “data oficial”.

Isso porque, em 7 de maio de 1963, antes do golpe militar, o então presidente da república João Goulart teria dado por inaugurada a TV em cores no Brasil, ao realizar uma transmissão pública a partir do Palácio da Alvorada.

Na oportunidade, Goulart teria dito:

“..mais uma iniciativa pioneira, que se incorpora, neste instante, ao acervo de progresso do Brasil e pela qual me congratulo com os diretores da TV Tupi”

Embora os primeiros anos da TV colorida mundial tenham sido marcados por enormes desafios, como questões técnicas, produção limitada de receptores e a resistência do público, o avanço da tecnologia ajudaria a, gradativamente, popularizar o novo formato, revolucionando setores como publicidade, esportes e jornalismo, e consolidando a TV como uma forma de entretenimento em nível global.


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Vídeo(s):

*legendas disponíveis nos controles do Youtube, na opção “⚙ >> Legendas/CC >> Traduzir automaticamente”.

Primeira transmissão em cores: Festa da Uva no RS
Primeira transmissão em cores da TV Tupi no novo padrão
Mais em:



*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.


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