O microcomputador Microdigital TK-2000 de 1984

Em 15 de março de 1984, a brasileira Microdigital lançava seu primeiro computador “tipo” Apple II, o microcomputador Microdigital TK-2000 color.
A Microdigital Eletrônica Ltda, empresa brasileira fundada no ano de 1981 em São Paulo, pelos irmãos George e Tomas Kovari (daí a sigla “TK” 😊), já havia lançado outros modelos de computadores como os TK-82, TK-83 e TK-85 obtendo relativo sucesso. Todos eles “clones” de modelos da empresa britânica Sinclair.

Anunciado durante a III Feira Internacional de Informática, realizada em outubro do ano anterior no Parque Anhembi/SP, o Microdigital TK-2000 começava a ser efetivamente comercializado no dia de hoje.
Primeiro microcomputador de “maior porte” da empresa, e o primeiro fora da linha de clones Sinclair, o Microdigital TK-2000 buscava um espaço para se posicionar no topo da categoria de computadores de uso doméstico no Brasil, segmento em que a Microdigital já era líder.
Anunciado como um Apple II “compatível” (na verdade um clone do micro taiwanês Micro-Professor MPF-II), seguindo o movimento de mercado, era no fundo uma “simplificação” da arquitetura, suprimindo algumas características do modelo no qual foi inspirado. Isso resultava numa compatibilidade parcial com o modelo Apple II+ original, o que fazia com que muitos dos programas do Apple II não funcionassem nele. Ao menos não sem alguns ajustes e adaptações.

Contava com um microprocessador de 8 bits Rockwell 6502 (MOS 6502) operando a 1,02MHz de velocidade, memória RAM de 64KB, memória ROM de 16KB (que incluía o interpretador AppleSoft BASIC e um monitor/assembler), teclado de 54 teclas tipo “profissional”, gerador de som de 4 oitavas, além de conexões externas para expansão, joystick, TV/Monitor, gravador K7 (2 portas), impressora e fonte externa de alimentação.
O Microdigital TK-2000 podia ainda ganhar uma unidade externa de disquetes de 5 ¼” com capacidade de até 140KB por face, através do uso de um “cartucho” controlador que podia ser colocado no conector lateral de expansão.

Chamava especial atenção o design do seu gabinete, “fortemente inspirado” no modelo estadunidense Atari 1200XL, que, além da aparência, não tinha mais nenhuma outra similaridade com o modelo brasileiro. Estes americanos e sua mania de copiar nossas coisas. #SQN 😊
Outra novidade era seu teclado “profissional” de acionamento mecânico, que “destoava” dos modelos anteriores da empresa, baseados nos não tão adorados teclados de membrana e de borracha (chiclete).
A possibilidade de conexão de dois gravadores simultaneamente ao computador, dava também aos usuários uma flexibilidade incomum nos modelos concorrentes.

Em relação ao software, o interpretador de linguagem BASIC integrado era altamente compatível com o Applesoft BASIC do modelo estadunidense, a exceção dos comandos FLASH, IN$ e PR$ (inexistentes) e dos comandos GR e HGR (que tinham comportamento diferente do Apple).
Outro ponto que gerava incompatibilidade eram as situações de acesso direto à endereços de memória, visto que, em função da forma como sua memória estava organizada e do conteúdo distinto da ROM, estes acessos pudessem resultar em erros de execução.
Soma-se ainda o fato de que, diferentemente dos Apple II originais, o Microdigital TK-2000 não dispunha dos adorados slots de expansão, o que poderia afugentar usuários que desejassem dar a ele algum uso mais profissional. Para o usuário doméstico, contudo, isso não chegava a ser um problema.

Dado seu relativo sucesso, no ano seguinte, a Microdigital lançaria ainda a versão Microdigital TK-2000 II, que, no fundo, tinha como diferença apenas a existência de uma segunda versão com 128KB de memória RAM, o dobro do modelo básico.
Mas com o lançamento do Microdigital TK-3000 IIe em 1986, agora totalmente compatível com o Apple II, o TK-2000 foi gradativamente perdendo espaço, até ser definitivamente descontinuado em 1987.
Para conhecer ou relembrar:
Acesse aqui as íntegras do Manual de Operação e do Manual Técnico do TK-2000.

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