O serviço Wirephoto de 1935
Em 01 de janeiro de 1935, a agência de notícias Associated Press lançava o serviço de envio de imagens à distância Wirephoto, que provocaria uma revolução no jornalismo.
Desenvolvida para superar as limitações dos métodos convencionais de envio de fotografias, a Wirephoto foi um serviço de transmissão de imagens por fios, que revolucionou o jornalismo e a comunicação no século XX, permitindo que as imagens de eventos distantes fossem enviadas junto com as notícias com uma rapidez sem precedentes, ilustrando os fatos e aumentando o impacto das reportagens.
Antes dela, a transmissão de imagens à distância era um processo demorado e desafiador, visto que as fotografias precisavam ser fisicamente transportadas de um local para outro, pelo correio ou transportadoras, muitas vezes resultando em dias de atraso na cobertura jornalística.
A agência de notícias estadunidense Associated Press (AP), ciente da necessidade de acelerar esse processo de envio de imagens, investiu para criar uma solução inovadora, lançando comercialmente seu serviço Wirephoto em 1935, depois de uma década de planejamento e pesquisa.
O novo sistema foi desenvolvido a partir da tecnologia do Belinógrafo, criado pelo francês Edouard Belin em 1907, que contava com um mecanismo que “escaneava” as fotos com uma célula fotoelétrica e as transmitia por meio de fios metálicos.
Seguindo o mesmo princípio, a tecnologia Wirephoto envolvia a conversão de imagens analógicas em sinais elétricos, que podiam assim ser transmitidos por linhas telefônicas.
Ao chegar ao destino, esses sinais eram decodificados e reconstituídos em papel fotográfico (um negativo). Embora o processo inicialmente fosse um tanto lento e exigisse equipamentos grandes e pesados, ele representava uma inovação revolucionária para a época, permitindo agora o rápido envio de fotografias de um local para outro, eliminando a dependência de métodos mais tradicionais.
Impacto
O impacto do Wirephoto foi imediata e profundamente sentido na indústria da notícia.
O sistema foi utilizado pela primeira vez em 31 de dezembro de 1934, para enviar uma foto mostrando o acidente de um pequeno avião ocorrido dias antes nas montanhas da região de Adirondack (Nova Iorque).
Com a publicação no dia seguinte, em 1º de janeiro de 1935, das imagens do acidente e outras fotos das festividades de ano novo obtidas por meio do sistema, a Associated Press inauguraria oficialmente o serviço.
Sobre este acontecimento, o editorial do jornal Los Angeles Times, publicaria:
“Um dos maiores passos na história da produção de jornais, desde a invenção da linotipo, será dado hoje, com o lançamento formal do serviço Wirephoto da Associated Press, a maior organização do mundo para a obtenção e disseminação de notícias e imagens jornalísticas.“
Essa cobertura fotográfica em tempo quase real tornou-se um marco no jornalismo mundial, demonstrando o potencial da tecnologia para transformar a maneira como o público experimentava as notícias.
A capacidade de transmitir imagens instantaneamente transformou a maneira como as notícias eram relatadas e consumidas, com os jornais passando a ter acesso a fotografias de eventos importantes quase que imediatamente após sua ocorrência, permitindo uma narrativa visual mais rica e impactante.
Isso também aproximaria o mundo de uma maneira sem precedentes, dado que eventos cruciais ao redor do globo podiam agora ser documentados e compartilhados com uma rapidez antes inimaginável.
A adoção do Wirephoto se espalharia rapidamente entre as principais organizações de notícias nos Estados Unidos e ao redor do mundo, tornando-se, em poucos anos, um padrão para a transmissão de imagens no jornalismo, aproximando o mundo de uma maneira sem precedentes.
Isso não apenas aceleraria a disseminação de informações visuais, mas também ajudaria a criar uma conexão emocional mais imediata entre os eventos e os leitores, que agora podiam “ver”, e não apenas “ler” sobre os acontecimentos.
Muito embora já existissem, há algum tempo, outros sistemas concorrentes similares, a invenção da AP tinha enorme vantagem sobre os outros serviços de transmissão de fotos, pois contava com uma “rede” instalada com diversos pontos a partir dos quais as transmissões poderiam ser realizadas a qualquer destino.
A chegada do Wirephoto também redefiniria o papel dos fotógrafos de imprensa, que passaram a ter suas imagens vistas por audiências muito maiores, e mais rapidamente. Isso incentivaria a busca por fotografias cada vez mais impactantes e relevantes, contribuindo para o crescimento do fotojornalismo como uma profissão essencial na narrativa de eventos históricos.
Nas décadas seguintes, a Wirephoto se tornaria um sucesso comercial e uma referência no jornalismo mundial, cobrindo eventos históricos como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a corrida espacial, os movimentos pelos direitos civis, os assassinatos de John F. Kennedy e Martin Luther King Jr., entre muitos outros.
Mas como toda tecnologia que um dia foi pioneira, ao longo dos anos, a Wirephoto foi gradativamente sendo substituída por novas tecnologias, como transmissões via satélite, por FAX, por computador e finalmente pela quase “instantânea” Internet.
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Vídeo(s):
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Mais em:
- A primeira demonstração pública do telégrafo elétrico de um fio em 1838
- O FAX de 1843
- A primeira linha de telégrafo transcontinental de 1861
- O primeiro serviço telegráfico transatlântico de notícias de 1903
- A primeira demonstração pública da TV em 1925
- A primeira transmissão de TV transatlântica de 1928
- O satélite Relay I de comunicação de 1962
- A ARPANET – embrião da Internet de 1969
- O TCP/IP se tornava o protocolo padrão da ARPANET em 1983
- O artigo “Gerenciamento de Informações: Uma Proposta” de 1989
- O WebTV de 1996
*As imagens utilizadas nesta postagem são meramente ilustrativas e foram obtidas da internet.
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